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Resultados do Magazine Luiza no 4T24 dividem opiniões

Análise dos números do Magazine Luiza no último trimestre de 2024 gera opiniões diversas entre analistas de mercado.

Resultados do Magazine Luiza no 4T24 dividem opiniões

Resultados do Magazine Luiza no 4T24 dividem opiniões

Após a divulgação do resultado das Casas Bahia (BHIA3), foi a vez do Magazine Luiza (MGLU3) divulgar os seus números do quarto trimestre de 2024 (4T24), com dados considerados “mistos” por analistas de mercado.

Em termos ajustados, o lucro líquido teve um crescimento de 37,1% na comparação com o mesmo período de 2023, para R$ 139,2 milhões; sem ajustes, o lucro avançou 38,9% no comparativo anual, para R$ 294,8 milhões, enquanto o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) cresceu 53,6%, para R$ 842,4 milhões.

A empresa, que anunciou recentemente mudanças em sua estrutura organizacional para acelerar operações de varejo online, teve receita líquida de R$ 10,8 bilhões no trimestre, 2,3% acima do faturado um ano antes. Na visão da XP Investimentos, a varejista, dona de bandeiras que incluem Netshoes e KaBuM!, teve um um desempenho da receita ainda fraco, desacelerando em relação ao ritmo do 3T, mas com margem Ebitda (Ebitda/receita) melhorando e geração de caixa.

O GMV (volume bruto de mercadorias) total aumentou +2,6%, desacelerando em relação ao ritmo do 3T, com o crescimento de vendas mesmas lojas (SSS) das lojas físicas em +8% (contra +15% no 3T e +17% de Casas Bahia), enquanto o online teve um aumento de apenas 1% ano a ano, com um desempenho fraco tanto no 1P quanto no 3P (estável em relação ao trimestre anterior), com o contexto macro e o cenário competitivo difíceis como possíveis explicações. Como resultado, as vendas líquidas consolidadas continuaram pressionadas, com um leve crescimento de 2% na comparação anual, aponta a XP.

Os analistas do Bradesco BBI também veem um desempenho de vendas sem brilho com crescimento de 2% em base anual, com margens operacionais em linha com o esperado e lucro antes dos impostos positivo – direcionalmente não muito longe das expectativas.

A XP ressalta que alavancagem operacional e a Luizacred estão sustentando a melhora da rentabilidade. Olhando para a rentabilidade, a margem bruta caiu 0,20 ponto percentual (p.p.) na comparação anual, pelo mix de canais (penetração de serviços -0,4 p.p. frente o 4T23), embora a margem Ebitda ajustada tenha aumentado 0,7 p.p. ano a ano, resultado da melhoria nos resultados da Luiza Cred (lucro líquido de R$145 milhões contra R$18 milhões no 4T23) e da alavancagem operacional.

Já o lucro líquido ajustado subiu por melhores resultados financeiros e impostos de renda, enquanto a geração de caixa atingiu R$ 1,8 bilhão, principalmente por fornecedores, avalia a XP.

O BBI aponta que o crescimento das vendas líquidas em desaceleração para 2,2% em base anual ficou 1% abaixo do estimado pelo Bradesco BBI, impulsionado principalmente pelas lojas físicas (+6,4% em base anual), enquanto o desempenho do e-commerce permaneceu morno (GMV em +1,1% em base anual).

Já a melhoria da lucratividade permaneceu em vigor, com sua margem Ebitda ajustada em 7,8% (0,20 p.p. acima do estimado pelo BBI, +0,60 p.p em base anual), também ressaltando os melhores resultados da LuizaCred, que contribuiu com 0,70 p.p de margem, +0,60 p.p em base anual).

“Importante destacar que a empresa também registrou EBT (lucro antes dos impostos) ajustado positivo pelo segundo trimestre consecutivo, agora em R$ 129 milhões (direcionalmente não muito longe dos R$ 120 milhões estimados pelo BBI). Enquanto isso, a dívida líquida (incluindo desconto de recebíveis como dívida) reduziu em R$ 778 milhões no trimestre”, apontam os analistas do banco.

Para o Bradesco BBI, os resultados do 4T24 do Magalu não justificam nenhuma revisão importante de estimativas. “Olhando para o futuro, será importante monitorar o motivo e/ou a potencial continuidade da desaceleração das vendas vista no 3T24 e especialmente no 4T24, à medida que nos dirigimos para um ano de taxas de juros mais altas (um risco potencial para a categoria cíclica e dependente de crédito) e isso pode levantar preocupações entre os investidores”, apontam os analistas.

Neste contexto, para eles, uma dívida líquida melhorada no trimestre e no comparativo anual é, na margem, apreciada, já que o consenso de mercado espera que a taxa Selic média de 2025 seja cerca de 4 p.p acima da de 2024 e as despesas financeiras têm sido um dos maiores obstáculos aos lucros e fluxo de caixa do Magalu.

A Genial Investimentos aponta que, de longe, a margem bruta foi a maior decepção do resultado, com o recuo de 20 pontos-base ano a ano. Com o repasse do DIFAL presente em bases comparáveis, acredita que, uma maior reação de margem bruta depende de: (i) uma ‘re-aceleração’ nas vendas de lojas físicas e (ii) reação de crescimento de vendas no canal de marketplace.

A casa de research também nota que o indicador de Same Store Sales de lojas físicas começa a desacelerar. “A nossa hipótese é que a sua principal concorrente, Casas Bahia, após o processo que culminou na reestruturação de lojas (e fechamento de mais de 60 unidades) tem sido bem agressiva em oferecer crédito para recuperar parte do market share [participação de mercado] doado durante os últimos meses”, avalia a equipe de análise. Enquanto a carteira de crédito da LuizaCred não variou ano contra ano, Casas Bahia aumentou em 17,0% a/a o seu portfólio.

Para 2025, a Genial aponta que as vendas de lojas físicas devem desacelerar dado que o ambiente macroeconômico para o varejo discricionário de alto tíquete tende a ser mais desafiador em 2025 do que foi em 2024.

“Apesar do impulso inicial gerado pelo aumento da renda disponível no início do ano, favorecendo o consumo entre janeiro e abril, o cenário se torna mais complexo adiante, com um câmbio elevado pressionando a inflação, dificultando o trabalho do Banco Central na ancoragem das expectativas e ampliando os desafios fiscais do governo – ainda mais relevante às vésperas de um ano eleitoral”, apontam os analistas.

Ainda vê as Casas Bahia sendo agressiva na oferta de crédito, o que pode minar o faturamento do Magazine Luiza no cenário em que a mesma não adote a mesma estratégia.

Apesar de uma desaceleração, dado o crescimento de despesas financeiras projetadas para o ano, a Genial estima que ganhos em margem bruta, vindo de uma recuperação de marketplace e serviços como ADs, fullfielment e Cloud, possam ser levados ao longo do resultado atenuando o efeito de juros na última linha do resultado.

(com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.


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