Modelos de SAFs no Futebol Brasileiro
Modelos de SAF, investimentos em jogadores da base, retenção e talentos e próximos passos para o futebol brasileiro. Esses foram alguns dos temas tratados no painel Modelos de SAFs no Brasil, que fechou o evento Sport & Business Summit InfoMoney. O encontro contou com a presença de Marcelo Paz, CEO do Fortaleza, Alex Bourgeois, presidente e sócio-investidor da Portuguesa SAF, e Marcelo Teixeira, presidente do Santos.
O modelo de SAF do Fortaleza nasceu de um modelo diferente, não de uma necessidade de caixa, afirmou Marcelo Paz. Foi uma necessidade consciente para se adaptar ao mercado. O CEO considera a Lei das SAFs positiva, que deu um 'up' para o futebol brasileiro, ainda que faça a ressalva que ser SAF não é sinônimo de sucesso. Estar como SAF permite o recebimento de investimentos, o investidor tem mais segurança jurídica para receber recursos, destacando que ainda não houve venda de ações mas já há implementação integral do modelo SAF.
Nosso objetivo não é venda de controle, mas sim de um percentual minoritário, diz. Nosso estatuto permite a venda majoritária mas com uma cláusula de barreira maior. E qualquer movimento que vá ser feito, volta para a assembleia de sócios para afirmar. O dono da SAF do Fortaleza é o Fortaleza Esporte Clube, diz.
Em sua visão, a busca por investidores, assessorada pela XP Investimentos, pode permitir que o clube permaneça competitivo no cenário brasileiro. O CEO sustenta também que a busca por parcerias fica menos complexa e enfatiza que know-how também é buscando nas parcerias. Pretendemos insistir nesse caminho de buscar investidor minoritário que possa agregar para o clube, afirma.
A história da constituição da Portuguesa como SAF foi um pouco mais complexa. Não é um processo simples, mas acho que a gente vem conduzindo isso, desde maio, assessorados pela XP, e estamos aí há pouco mais de 100 dias tocando a SAF da Lusa, com todos os desafios que isso representa, diz o presidente e sócio-investidor da Portuguesa SAF.
Ao contrário do Fortaleza, a Portuguesa enfrentava situação financeira muito extrema, composta por dívidas altíssimas. Hoje tem uma assembleia que vai votar uma ata que vai permitir a homologação da SAF da Portuguesa junto à federação paulista. Estamos aguardando o resultado de hoje, que deve ser positivo, e a homologação, para que a SAF possa disputar campeonatos, que hoje tem sido disputados pela associação.
Meu problema é muito mais modesto. Estamos na série D, sem direito de transmissão. Fechamos acordo para direitos de transmissão, assim como o Santa Cruz. A revelação de jogadores é um principal projeto nosso mas é difícil vender jogador na série D, afirma. No entanto, desenvolvemos estratégia que faz sentido para nós. A gente contrata jogadores mais novos, preparamos os jogadores e nossa grande janela é o Paulistão, afirma Alex Bourgeois.
Futebol não aceita desaforo com dinheiro. Estamos com a cabeça muito clara de não faz nenhuma loucura, sustenta o presidente da Portuguesa SAF. O investimento que fizemos na Portuguesa é no futebol, mas é claro que qualquer time precisa ter uma arena para jogar.
O executivo destaca que a Arena é um ativo muito caro, que exige outras fontes de receitas. O Canindé, que está sendo reformado e deve ficar pronto em 2028, é uma das principais apostas da SAF.
Futebol brasileiro não é feito de Flamengo, Corinthians, é feito de milhares de clubes no Brasil, diz Bourgeois. A estratégia de formação de atletas, nesse sentido Nossa meta é resgatar o atleta. O jogador brasileiro hoje, no nosso modo de ver, não são mais o que nós vimos antes. Temos a determinação de criar de volta o que era o jogador brasileiro e resgatar o futebol brasileiro, afirma.
O Santos passou por dificuldades, em especial em gestão, diz o presidente. Queríamos fazer uma transformação, seja como SAF ou como clube associativo, mas uma gestão profissional, diz Marcelo Teixeira, presidente do Santos. O objetivo principal é revelar talentos, tirar um jovem de uma situação de riscos para torná-lo um ídolo, diz.
Dentre as prioridades do presidente ao assumir a gestão, estava a reconstrução do clube. Colocamos o Troféu da Série B na mesa executiva para que ninguém nunca se esqueça que passamos por esse momento, afirma. Teixeira diz que, entre as perdas, a credibilidade da marca também foi abalada ao longo de gestões que considera negativas e que deixaram o Santos em fase difícil.
O resultado prático é você colocar em ritmo uma gestão, seus objetivos, exigir metas sendo alcançadas e consigamos deixar o amadorismo de lado para colocar o lado prático-profissional. E, assim, alcançamos, afirma. Fomos buscando no mercado alternativas para melhorar nossa receita buscando valores para cumprir nossas obrigações.
Júlio Rossato