Contrato de Neymar com Santos: balanço positivo
Faltam pouco mais de cem dias para o término do contrato de Neymar com o Santos e o presidente do clube, Marcelo Teixeira, faz um balanço “muito positivo” sobre a segunda passagem do jogador pelo time até agora. Segundo Teixeira, o retorno do camisa 10 devolveu a autoestima do torcedor santista e trouxe novos contratos que vão ficar com o clube, independentemente se o jogador permanecer ou não no elenco.
O dirigente, no entanto, acredita que há condições de manter Neymar no time até a Copa do Mundo do ano que vem.
Com um desconforto muscular na coxa, o meia ficou de fora da disputa da semifinal do Campeonato Paulista e o Santos acabou eliminado da competição, ao perder, por 2 a 1, a partida contra o Corinthians. Ele também foi cortado da convocação para a Seleção Brasileira, que disputa jogos contra a Colômbia e a Argentina pelas Eliminatórias da Copa.
Marcelo Teixeira prefere ver a situação pela metade cheia do copo e classifica o retorno de Neymar ao time como um “divisor de águas” que permitiu ao Santos uma recolocação no mercado esportivo, atraindo torcedores e novos adeptos.
Teixeira participou do Sport & Business Summit, o evento exclusivo do InfoMoney sobre negócios do esporte, em um painel sobre os modelos de SAF (Sociedade Anônima do Futebol) no Brasil. O clube ainda funciona como uma associação sem fins econômicos, mas, segundo Teixeira, “faz uma gestão profissional” e poderia se tornar uma SAF a qualquer momento.
Na entrevista ao InfoMoney, o presidente do Santos também falou sobre o andamento de acordos com a construtora WTorre para a construção de uma nova arena multiuso. Teixeira confirma que a atual estrutura da Vila Belmiro será demolida. Confira a íntegra da conversa.
Qual a expectativa para a reta final do contrato com o Neymar?
O balanço dos primeiros meses foi muito positivo. Montamos um projeto importante de adaptação e crescimento para o Neymar dentro e fora dos gramados. Em campo, para que ele consiga evoluir e crescer tecnicamente, que é o que vem acontecendo. Fora dos gramados, estamos alcançando resultados em temos de parceiros, empresas, aumentando o nosso volume de receita. Com isso, acredito que a expectativa seja muito positiva para que possamos estender esse contrato até a Copa do Mundo do ano que vem.
O retorno do Neymar ao Santos já ‘se pagou’?
Existe um retorno financeiro imediato, prático, e um resultado indireto que não é possível mensurar. Você consegue novos associados, novos torcedores e amplia as possibilidades do Santos em um momento de reconstrução. Até quatro meses atrás, estávamos disputando a série B do Campeonato Brasileiro. Então esse é um processo de recolocação do Santos e o Neymar vem como uma cereja do bolo. Ele vem para que a gente alcance resultados financeiros imediatos e para que contratos que estão sendo celebrados com a presença do Neymar continuem vigentes mesmo se ele não estiver mais conosco.
O que o Neymar tende a deixar de legado para o Santos em sua segunda passagem pelo clube?
O legado é a identidade de um jogador da base, vitorioso, que saiu do Brasil, ganhou os principais títulos e serve à Seleção Brasileira. Ao voltar, o Santos reconquista a autoestima e devolve alegria ao torcedor que estava amargurado, triste, aborrecido e sem tantas esperanças. [O retorno de Neymar] é um divisor de águas que faz com que o Santos se recoloque no mercado esportivo, atraia investidores e novos torcedores. […] Nós estamos tendo reformas, trazendo parceiros para os projetos existentes que não são do Neymar, são do Santos Futebol Clube. O time está abrindo as portas para modernização das nossas instalações, tanto na Vila Belmiro, quanto nos CTs [centros de treinamento] Rei Pelé e Meninos da Vila. Fora as outras ampliações que o Santos está fazendo com vistas a estarmos acompanhando as necessidades de hoje do futebol brasileiro.
Como estão os planos para construção da nova arena e a relação com a construtora WTorre?
Nós tínhamos um memorando de intenções com a WTorre que foi celebrado pela gestão anterior. Passamos quase um ano discutindo esse memorando e chegamos à conclusão de que ele praticamente não existe mais. Estamos quase concluindo um novo modelo de contrato e, com isso, nós temos a expectativa de que muito em breve o Santos vai conseguir colocar no mercado a comercialização das vendas dos camarotes para viabilizar a construção do novo estádio. O projeto arquitetônico, em termos de prefeitura, avançou muito. Já está tudo em fase de aprovação e acredito que, no momento certo, o Santos terá sua nova arena.
A ideia é ter uma nova arena ou ampliar o estádio existente?
Ambos os projetos preveem a demolição do atual estádio e a construção de uma arena multiuso.
O Santos participou de um painel de SAFs no Sports & Business Summit, do InfoMoney, sem ser uma SAF. O que isso quer dizer?
O Santos não é uma SAF, mas faz uma gestão profissional. É um clube associativo, mas que está preparando para se tornar uma SAF a qualquer momento. Caberá ao conselho, ao quadro associativo, em seu momento próprio, fazer essa definição. Temos essa possibilidade caso o Santos julgue necessário fazer essa transformação.
Júlio Rossato
