Hypera acusa Grupo NC de forçar combinação entre farmacêuticas
Em uma petição encaminhada à superintendência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Hypera (HYPE3) acusa o Grupo NC, conglomerado dono da EMS, de forçar uma combinação entre as duas farmacêuticas. Em dezembro passado, o Fundo Dodgers, adquiriu 2% das ações da companhia e passou a deter 6,02% do seu capital. Carlos Sanchez, dono do Grupo NC, é beneficiário final desse fundo, aponta a Hypera no documento.
"O Grupo NC não apresenta ao Cade a verdadeira realidade dos fatos, que demonstram de forma clara e inequívoca sua real intenção: uma investida desenfreada, utilizando todos os meios possíveis, negligenciando os riscos concorrenciais existentes para influenciar a Hypera", diz o documento.
A Hypera lembra que Carlos Sanchez "tentou e insistiu em realizar uma já recusada combinação de negócios do Grupo NC e Hypera", ocorrida em outubro do ano passado, e que as recentes aquisições de participação pelo Dodgers passa a imagem de "uma inofensiva e ingênua aquisição de participação minoritária de natureza estritamente financeira".
A petição diz ainda que o Grupo NC pode fazer uso da sua condição de acionista, ainda que minoritário, para obter informações concorrencialmente sensíveis da Hypera e utilizá-las em benefício próprio. Além disso, o conglomerado poderia utilizar essa participação para eleger administradores de sua confiança.
A Hypera explicou que, com uma participação de mais de 5% na companhia, o acionista pode requerer eleições de candidatos ao conselho de administração por voto múltiplo, incluir propostas e convocar assembleias gerais de acionistas, entre outros direitos. "Não se trata, portanto, de pouca influência sobre a vida da companhia", diz o texto.
"A movimentação estratégica do Grupo NC visa claramente exercer influência significativa sobre a Hypera, utilizando-se de sua posição acionária para obter informações concorrencialmente sensíveis e interferir na administração da companhia, inclusive por meio da eleição de administradores de sua confiança", diz a petição.
"É imperativo que o Cade conduza uma análise rigorosa e minuciosa deste Ato de Concentração, levando em consideração todos os fatos e contextos apresentados. A aprovação deste ato sem a devida cautela pode resultar em danos irreparáveis à concorrência", destaca o texto.
Mitchel Diniz
Repórter de Mercados
Júlio Rossato