Tarifas de Trump abalam mercados globais
As tarifas “recíprocas” impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a dezenas de países entraram em vigor nesta quarta-feira, incluindo taxas de 104% sobre produtos chineses, aprofundando sua guerra comercial global e estimulando vendas generalizadas nos mercados financeiros.
As tarifas de Trump abalaram uma ordem comercial global que persiste há décadas, aumentaram os temores de recessão e eliminaram trilhões de dólares do valor de mercado das principais empresas.
Desde que Trump revelou suas tarifas na última quarta-feira, o S&P 500 sofreu sua maior perda desde a criação do índice de referência na década de 1950. Ele agora está se aproximando de um “bear market”, definido como 20% abaixo de sua máxima mais recente.
Medida mantém vivos os temores de uma recessão global
Estados Unidos desencadeou guerra comercial com China ao anunciar aumento de tarifas para país asiático; adicional de 50% pode elevar tarifa dos EUA sobre produtos chineses para 104%
Os títulos de referência globais, ativos considerados relativamente seguros, também eram afetados pela turbulência do mercado nesta quarta-feira, uma virada em direção a vendas forçadas que está soando como um alarme para os investidores.
As ações europeias caíam nesta quarta-feira e os futuros acionários dos EUA apontavam para mais dificuldades à frente, após uma sessão sombria na maior parte da Ásia. No entanto, as ações chinesas contrariaram a tendência, já que o apoio do Estado sustentou o mercado.
A CHINA PROMETE LUTAR
Trump quase dobrou as tarifas sobre as importações chinesas, que haviam sido fixadas em 54% na semana passada, em resposta às contratarifas que Pequim anunciou na semana passada. A China prometeu lutar contra o que considera uma chantagem.
“A China se opõe firmemente a isso e jamais aceitará esse tipo de intimidação”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, em uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira.
O banco central da China não permitirá quedas acentuadas do iuan e pediu aos principais bancos estatais que reduzam as compras de dólares, disseram à Reuters pessoas com conhecimento direto do assunto, já que a moeda chinesa enfrenta forte pressão de queda.
“QUERO FAZER ACORDOS”
Trump ignorou as perdas dos mercados e ofereceu aos investidores sinais contraditórios sobre a permanência das tarifas no longo prazo, descrevendo-as como “permanentes”, mas também afirmando que elas estão pressionando outros líderes a solicitar negociações.
“Temos muitos países chegando que querem fazer acordos”, disse ele em um evento na Casa Branca na tarde de terça-feira. Ele disse em um evento posterior que esperava que a China também buscasse um acordo.
O governo de Trump agendou conversas com a Coreia do Sul e o Japão, dois aliados próximos e grandes parceiros comerciais, e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, deve visitá-lo na próxima semana.
O vice-primeiro-ministro do Vietnã, centro manufatureiro asiático de baixo custo atingido por algumas das tarifas mais altas do mundo, deve conversar com o secretário do Tesouro de Trump, Scott Bessent, ainda nesta quarta-feira.
O ministro das Finanças da Alemanha, Joerg Kukies, disse que a maior economia da Europa está correndo o risco de outra recessão como resultado das tensões comerciais. O banco de investimentos JP Morgan estima que há 60% de chance de a economia mundial entrar em recessão até o final do ano.
Júlio Rossato