Temporada de Balanços nos EUA: Impacto das Tarifas e Expectativas de Investidores
Em meio ao “tarifaço” de Donald Trump, presidente dos EUA, e investidores aguardando o desenrolar da guerra comercial contra a China, a temporada de balanços dos Estados Unidos começou nesta semana. Apesar da divulgação dos dados de alguns nomes como Delta Airlines e Levi’s, o pontapé oficial será dado com os balanços de bancos como JPMorgan, Wells Fargo, BlackRock e Morgan Stanley.
A tônica será, sem dúvidas, o potencial efeito das tarifas na economia e nas principais companhias. Por isso, mais do que olhar números, a safra deve ser marcada por escutar executivos e esperar por guidances.
Ao contrário do normalmente esperado, superar as expectativas pode não ter tanto impacto como de costume, de acordo com análise do Bank of America (BofA). O temor das tarifas pode ter antecipado demandas e, por isso, gerar superações que poderiam afetar o crescimento futuro.
Presidente defende política comercial apesar da queda nos mercados e diz que país lucra bilhões por dia. Valor envolve taxa de 20% que já havia sido aplicada anteriormente, disse um porta-voz do governo Trump à emissora CNBC.
Primeiro a divulgar seus dados, o setor financeiro, a princípio, não é diretamente impactado pelas tarifas, porém é inegável que o efeito na economia interessa, e muito, para as instituições.
Na visão do JPMorgan, a pergunta que deve nortear os bancos nesta temporada, e talvez o ano todo, é a possibilidade ou não de entrada em recessão. “A narrativa para os bancos e instituições financeiras não bancárias ao entrar em 2025 era uma de excepcionalismo dos EUA”, afirma o relatório sobre a temporada de balanços do 1T25. O banco considera que os lucros observados serão “essencialmente irrelevantes” para as instituições, enquanto investidores concentrarão sua atenção nas teleconferências.
Embora parte das expectativas estejam justamente nas orientações (guidances) que tradicionalmente seriam fornecidos com os balanços de todos os setores, o BofA antecipa a possibilidade de “vácuo de informação”. Em sua análise, o banco estima que seja possível que a menos que haja alguma resolução a respeito, a transparência pode ser comprometida pelas turbulências atuais.
“As empresas que regularmente fornecem orientação têm negociado a um prêmio em relação àquelas que não o fazem”, afirma o banco.
A suspensão de fornecimento de guidances tende a acontecer em períodos de maior incertezas, como durante a pandemia de Covid-19, por exemplo. E isso afetou negativamente o valuation das companhias que optaram por suspender informações no período, na época.
Júlio Rossato