UE ameaça impor taxas sobre big techs dos EUA
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a União Europeia está preparada para adotar medidas comerciais rigorosas e pode impor taxas sobre as big techs dos EUA se as negociações com Donald Trump não conseguirem pôr fim à sua guerra tarifária contra a Europa. Em entrevista ao Financial Times, von der Leyen destacou que a UE busca um acordo “completamente equilibrado” com Washington durante a pausa de 90 dias na aplicação de tarifas adicionais. No entanto, ela advertiu que está pronta para expandir o conflito comercial transatlântico para o setor de serviços, incluindo a possibilidade de um imposto sobre receitas de publicidade digital que afetaria grupos como Meta e Google. “Estamos desenvolvendo medidas de retaliação”, disse von der Leyen, explicando que isso poderia incluir a primeira utilização do instrumento de anti-coerção da UE, com poder para atingir exportações de serviços. “Há uma ampla gama de contramedidas (…) caso as negociações não sejam satisfatórias.” Ela observou que isso poderia incluir tarifas sobre o comércio de serviços entre os EUA e a UE, enfatizando que as medidas exatas dependeriam do resultado das conversas com Washington. Von der Leyen também comentou que a guerra comercial de Trump provocou “um ponto de inflexão completo no comércio global”. “É um ponto de virada com os Estados Unidos, sem dúvida”, afirmou, acrescentando que “nunca voltaremos ao status quo”. A presidente da Comissão Europeia destacou que “não há vencedores nisso, apenas perdedores”, referindo-se à turbulência nos mercados de ações e títulos. A Comissão Europeia decidiu pausar suas retaliações planejadas contra as tarifas de aço e alumínio dos EUA, que teriam impactado cerca de € 21 bilhões em importações americanas. Von der Leyen, que supervisiona a política comercial em nome dos 27 Estados-membros da UE, disse que a Comissão já havia tentado negociar com os EUA, mas foi instruída a esperar até o anúncio de Trump em 2 de abril, que impôs uma tarifa “recíproca” de 20% sobre a UE. Caso as negociações falhem, a UE reativará automaticamente as medidas de retaliação planejadas em resposta às tarifas dos EUA sobre aço e alumínio. Além disso, von der Leyen afirmou que novas contramedidas às tarifas “recíprocas” de Trump poderiam direcionar o enorme superávit de serviços dos EUA com a UE. “As empresas que oferecem serviços fazem um bom negócio neste mercado [da UE]. E a grande maioria dos serviços, 80%, vem dos EUA”, concluiu.
Júlio Rossato
