Trump intensifica guerra comercial com China
Na quinta-feira, 10, o presidente Donald Trump e seus principais conselheiros comerciais abriram as portas da Casa Branca para conversas com representantes de mais de uma dúzia de países. A movimentação visa alcançar acordos bilaterais que possam trazer investimentos e redução de barreiras comerciais para os Estados Unidos. Um funcionário da Casa Branca afirmou que os primeiros resultados devem surgir em poucas semanas.
As negociações ocorrem em meio a uma escalada na guerra comercial entre os EUA e a China, que não apresenta sinais de desaceleração. Mesmo assim, segundo fontes da administração, os encontros iniciais foram considerados produtivos, com países demonstrando disposição em colaborar para evitar o impacto das tarifas recentemente impostas por Trump.
A tensão comercial com Pequim se intensificou logo após as 11h da quinta-feira, quando a Casa Branca anunciou que as tarifas sobre produtos chineses subiriam para 145%, superando os 125% anteriormente divulgados por Trump.
Apesar da pressão dos mercados e das dúvidas de investidores, a equipe do presidente se manteve firme em sua abordagem agressiva.
Um alto funcionário da Casa Branca, sob condição de anonimato, afirmou que a situação é “sensível” e evitou detalhar um plano claro de saída do impasse com a China. A administração Trump vê o país asiático como prioridade máxima em sua política comercial, ainda que negociações com outros países estejam em curso.
Os mercados financeiros reagiram com cautela à postura dura de Trump. O índice S&P 500 perdeu cerca de um terço do ganho obtido no dia anterior — o maior desde 2008 — refletindo a insegurança dos investidores diante de uma possível prolongação do confronto com Pequim.
Além disso, as tarifas básicas de 10% mantidas na quarta-feira sobre a maioria das importações norte-americanas representam o nível mais alto imposto em gerações.
Ainda assim, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, defendeu a estratégia em uma reunião de gabinete televisionada, dizendo que a abordagem disruptiva do presidente “trará resultados rápidos para os contribuintes americanos”.
Os principais parceiros comerciais dos EUA têm adotado um tom cauteloso nas declarações públicas, temendo represálias do presidente norte-americano. No entanto, a frustração ficou evidente na quinta-feira, especialmente por parte da União Europeia — maior parceiro comercial dos EUA.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, comentou no X (antigo Twitter): “Tarifas são impostos que apenas prejudicam empresas e consumidores. É por isso que defendi consistentemente um acordo de tarifa zero entre a União Europeia e os Estados Unidos.”
Apesar das críticas veladas, von der Leyen também elogiou a decisão de Trump de pausar temporariamente as tarifas, chamando-a de gesto positivo no contexto da “crise atual”.
Segundo o presidente, os EUA estão em contato com cerca de 75 países interessados em estabelecer acordos comerciais. Durante a reunião de gabinete, Trump afirmou: “O maior problema que eles têm é que não têm tempo suficiente no dia. Todo mundo quer vir e fazer um acordo.”
Um alto funcionário da Casa Branca garantiu que os primeiros acordos devem ser fechados “nas próximas semanas”, reforçando que a administração não espera que leve mais de um mês para apresentar os primeiros resultados.
Com informações da Folha de S. Paulo.
Júlio Rossato