Semana decisiva para economia global e nacional
Esta semana concentra uma série de eventos que podem moldar o cenário econômico global e nacional nos próximos meses, destacando-se como um período determinante para investidores e mercados. Entre os acontecimentos de maior impacto estão as eleições nos Estados Unidos, as decisões do Federal Open Market Committee (FOMC) e do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa de juros, a Selic, os anúncios de cortes de gastos pelo governo brasileiro e uma cúpula de líderes globais na China. Além disso, a agenda corporativa intensifica-se com a temporada de balanços, trazendo mais volatilidade ao mercado.
Eleições nos EUA podem impactar economia global
As eleições nos EUA, que acontecem nesta terça-feira (5), têm sido acompanhadas de perto pelo mercado, dado seu potencial impacto sobre as políticas econômicas e comerciais. Concorrem ao posto de presidente Kamala Harris e Donald Trump. Segundo o agregador geral de pesquisas do New York Times, Harris tem 49% contra 48% de Trump.
A influência dos resultados pode afetar a política monetária e econômica do país, que, por sua vez, molda os fluxos globais de capital e pode impactar diretamente o Brasil. Para o mercado brasileiro, uma administração americana voltada para políticas mais protecionistas ou menos comprometida com o combate à inflação pode gerar tensões no câmbio e na economia doméstica.
No Brasil, o mandato de Harris pode beneficiar setores brasileiros relacionados a minerais críticos e investimentos verdes, tende a priorizar investimentos em infraestrutura e apoio a pequenas empresas, o que pode aumentar o apetite dos investidores por mercados emergentes. Com Trump como chefe de Estado, setores de exportação de commodities, como o agronegócio, mineração e siderurgia podem se destacar, segundo analistas.
Decisões do FOMC e Copom sobre taxa de juros
Na quinta-feira (7), o FOMC deve anunciar sua decisão sobre a taxa de juros nos Estados Unidos. Já no Brasil, o Copom se reúne também na quarta-feira para definir a taxa Selic, com expectativa de mais um corte moderado, que, segundo a Ágora Investimentos, poderia ajudar a impulsionar a economia interna, reduzindo custos de crédito para empresas e consumidores.
A combinação das decisões dos bancos centrais dos EUA e do Brasil pode afetar o câmbio e, no caso brasileiro, pressionar o real. A volatilidade nas taxas de juros e no câmbio já tem elevado os custos para setores dependentes de importações e com dívidas em dólar, como o aéreo e o de construção civil.
Anúncio de cortes de gastos pelo governo brasileiro
No cenário doméstico, o governo brasileiro planeja o anúncio de cortes de gastos em um esforço para alcançar o superávit fiscal. A iniciativa do corte de gastos é vista como uma tentativa de controlar o déficit e sinalizar comprometimento com a responsabilidade fiscal — uma medida que economistas acreditam que pode “acalmar o mercado”.
A sinalização de disciplina fiscal é especialmente importante num contexto de alta volatilidade cambial e de juros elevados, afetando desde o custo da dívida pública até as expectativas de inflação.
Cúpula de líderes globais na China
Outra peça importante nesta semana é o encontro de líderes do Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo (NPC), na China, onde espera-se que temas como o comércio global e o crescimento econômico estejam no topo da agenda. Para o Brasil, que tem na China um dos seus principais parceiros comerciais, qualquer anúncio de estímulo ou crescimento do país asiático pode favorecer as exportações brasileiras de commodities, como o minério de ferro.
Temporada de balanços intensifica-se
Por fim, a semana traz também uma agenda carregada de balanços do terceiro trimestre deste ano (3T24), com empresas de diversos setores apresentando seus resultados trimestrais. O peso desta semana é amplificado pela concentração de grandes nomes reportando seu desempenho, o que adiciona volatilidade extra aos mercados e permite uma leitura mais precisa das tendências de setores específicos.
Júlio Rossato