Impacto dos apagões nos seguros residenciais
Os recentes apagões que afetaram a região metropolitana de São Paulo, como o ocorrido em 11 de outubro, que deixou cerca de 2 milhões de usuários sem energia, trouxeram à tona questões sobre o impacto desses eventos nos seguros.
Segundo a FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais), as indenizações a serem pagas após o temporal somam cerca de R$ 13 milhões até o momento, com pelo menos 1.805 sinistros (ocorrência do risco previsto no contrato de seguro) registrados, dos quais 1.185 correspondem a apólices (contrato de seguro) residenciais. O restante corresponde às modalidades empresarial, condomínio e automóvel.
Coberturas para danos causados nos lares por eventos climáticos
De acordo com Jarbas Medeiros, presidente da comissão de riscos patrimoniais massificados da FenSeg, as principais coberturas que amparam danos causados nos lares por eventos climáticos são:
- Cobertura de danos elétricos
- Cobertura de alagamentos
- Cobertura de vendavais e tempestades
- Cobertura de queda de raios
A cobertura de danos elétricos, por exemplo, protege contra sobrecargas que podem queimar eletroeletrônicos e eletrodomésticos – situação comum após o retorno da energia em um “apagão”, segundo Rogério Freeman, corretor de seguros e diretor do Sincor-SP (Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo). Freeman explica que, se uma sobrecarga elétrica resultar em um curto-circuito que cause incêndio, a apólice também cobre os danos, independentemente da origem.
Já as coberturas listadas acima, como danos elétricos e alagamentos, são opcionais e podem ser contratadas junto ao pacote básico por um custo adicional.
Custo do seguro residencial
O custo do seguro residencial é relativamente acessível, alegam os especialistas. Em média, um seguro contratado com todas as coberturas necessárias para a proteção contra eventos climáticos custa cerca de R$ 40,00 para apartamentos e R$ 60,00 para casas por mês, mas é bom salientar que o preço varia por região, coberturas e limites contratados.
Para se ter uma ideia mais apurada do valor desembolsado pelo tipo de proteção adquirida, de forma geral, explica Freeman, para cada R$ 500 mil de cobertura contratada no pacote básico, o custo total costuma sair por R$ 400,00. Já o adicional de danos elétricos custa, em média, R$ 100,00 para cada R$ 10 mil de cobertura contratada.
O corretor menciona ainda que, para obter a garantia de danos elétricos, há uma franquia que costuma ser cobrada do segurado quando há sinistro e gira em torno de 15% do valor da indenização.
Crescente demanda por seguros residenciais
A crescente frequência de eventos climáticos extremos, como tempestades e vendavais, vem impulsionando a demanda por seguros residenciais, que, de acordo com Medeiros, “vem crescendo cerca de dois dígitos nos últimos anos”.
Segundo dados da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), da qual a FenSeg faz parte, nos oito primeiros meses de 2024 o seguro residencial acumulou cerca de R$ 4 bilhões em arrecadação, um crescimento de 22,9% em comparação a 2023.
Baixa penetração do seguro residencial no Brasil
O mercado estima que cerca de 15% das residências possuem alguma apólice, em um universo de aproximadamente 50 milhões de imóveis. Mesmo entre os segurados, a contratação de danos elétricos é elevada, mas o percentual geral ainda é limitado.
Júlio Rossato