Trump nomeia Marco Rubio como Secretário de Estado para política externa da China
Com a nomeação do senador Marco Rubio para o cargo de secretário de Estado, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizou que sua política externa em relação à China pode ir além das tarifas e do comércio, assumindo uma postura mais agressiva ante o principal rival estratégico do país.
O anúncio de Rubio na quarta-feira (13) veio junto com outras escolhas de gabinete que podem incomodar a China, como o deputado Mike Waltz para o cargo de conselheiro de segurança nacional e John Ratcliffe para liderar a Agência Central de Inteligência (CIA).
Reversão da abordagem do governo Biden
As escolhas sugerem que Trump quer reverter a abordagem do governo do presidente Joe Biden de “administrar a concorrência” com Pequim em questões que vão desde o apoio a Taiwan até o papel do gigante asiático na crise de fentanil nos EUA. Republicanos têm criticado a posição de Biden por considerá-la muito conciliatória.
Rubio “acredita em seu coração que a China é inimiga dos Estados Unidos”, disse David Firestein, ex-diplomata dos EUA com experiência na China. “Isso vai influenciar tudo o que ele fizer com relação à China.”
Sanções e restrições de viagem
Trump tem prometido acabar com o status da China de país mais favorecido no comércio e impor tarifas sobre as importações chinesas superiores a 60% – muito mais altas do que as impostas durante seu primeiro mandato.
É quase certo que Rubio seja confirmado pelo Senado dos EUA, onde é membro sênior dos comitês de relações exteriores e de inteligência.
Esta seria a primeira vez que a China teria restrições ativas de viagem para um secretário de Estado dos EUA, apresentando um teste inicial de como Pequim poderia se envolver com o novo governo Trump.
A embaixada da China em Washington não comentou sobre as sanções a Rubio ou sua nomeação, mas o porta-voz Liu Pengyu disse que Pequim espera trabalhar com o novo governo para promover os laços “em uma direção estável, saudável e sustentável”.
Escalada de relacionamento ruim
Alguns analistas acreditam que Pequim pode tentar contornar Rubio e buscar um compromisso diretamente entre Xi e Trump, ou com outras autoridades sênior dos EUA.
“Se isso não funcionar, acho que vamos entrar em uma escalada muito mais regular de um relacionamento ruim”, disse Steve Tsang, diretor do Instituto da China na Escola de Estudos Orientais e Africanos de Londres.
Júlio Rossato