Redução da jornada de trabalho pode afetar produtividade brasileira
A redução da jornada de trabalho, que tem tomado destaque no Congresso Nacional, pode ter um impacto negativo na produtividade brasileira, segundo o pesquisador da FGV Ibre, Fernando de Holanda Barbosa Filho. Ele afirma que o país já tem visto uma redução média na jornada de trabalho desde os anos 1980, mas que uma mudança abrupta poderia piorar ainda mais a situação.
Barbosa Filho alerta que a redução da jornada de trabalho em 1988, de 48 para 44 horas, já causou uma queda na produtividade do trabalhador, e que a razão disso é que, embora o trabalhador não tenha se tornado menos produtivo, o ganho de produtividade não compensou a redução nas horas trabalhadas.
O ganho de produtividade anotado pelo Brasil desde aquela década foi responsável por uma redução média na jornada de trabalho ao longo do tempo. Um dos principais fatores responsáveis pelos ganhos de produtividade dos brasileiros nas últimas décadas foi a melhoria na escolaridade.
Impactos da educação no mercado de trabalho
O pesquisador ainda destaca que a educação impactou positivamente a economia brasileira de diversas formas, e que a queda de informalidade na década se deu porque aumentou o percentual de pessoas mais escolarizadas. Apesar disso, a produtividade no Brasil ainda é um problema de primeira ordem, que depende de capital humano, de capital físico, de boas regras e investimentos.
Barbosa Filho argumenta que a redução da jornada de trabalho não vai gerar ganhos de produtividade, e que a jornada média de trabalho no Brasil já tem caído gradualmente desde a década de 1980. Ele afirma que a jornada brasileira é cadente ao longo do tempo, caindo de 0,2 a 0,4% ao ano, totalizando a redução da jornada de trabalho de 3% a 4% ao longo de uma década.
Júlio Rossato