Mercado reage ao pacote fiscal anunciado pelo governo Lula
As taxas dos DIs de curto prazo fecharam a segunda-feira em baixa, enquanto as longas avançaram com o mercado ainda bastante sensível ao pacote de medidas fiscais anunciado na semana passada pelo governo Lula, que prevê cortes nas despesas e desoneração do Imposto de Renda.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 — que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo — estava em 11,658%, ante 11,665% do ajuste anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 13,9%, em baixa de 5 pontos-base ante o ajuste de 13,95%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,71%, ante 13,633% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,56%, em alta de 6 pontos-base ante 13,499%.
Estímulos divergentes
Desde a semana passada o mercado vem reagindo a dois estímulos divergentes: o corte de 71,9 bilhões de reais em despesas em dois anos e a isenção de Imposto de Renda para quem ganha acima de 5 mil reais por mês.
Ambas as medidas foram anunciadas dentro do pacote fiscal, mas na sexta-feira os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tentaram desvincular o pacote da proposta de isenção de IR, — considerada negativa pelo mercado — frisando que a prioridade este ano é aprovar os cortes de despesas.
Liberação de emendas parlamentares
A liberação de emendas parlamentares pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desde que verificados alguns critérios de transparência, como a identificação do parlamentar que solicitou a emenda, foi vista como um fator positivo para a relação entre governo e Congresso, o que em tese pode favorecer a tramitação das medidas de cortes de despesas.
“Os intervalos mais curtos, como os (janeiro) 2025 e 2026 fecham um pouco, em detrimento de abertura maior lá na frente”, comentou Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, chamando atenção ainda para o avanço firme do dólar ante o real nesta segunda-feira.
Pela manhã, o relatório Focus do Banco Central mostrou que a mediana das projeções do mercado para a inflação em 2024 passou de 4,63% para 4,71% e em 2025 foi de 4,34% para 4,40%.
No exterior, às 16h36, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento — tinha estabilidade, a 4,194%.
Júlio Rossato