Indústria brasileira deve crescer em 2024
A indústria brasileira deve crescer o dobro em 2024 e a taxa prevista é superior aos 3%, a maior alta dos últimos anos, de acordo com Uallace Moreira, Secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Em 2023, o avanço foi de 1,6%. “O crescimento deve ser puxado especialmente pelos setores de alta complexidade tecnológica. O emprego industrial também tem batido recordes e a indústria se encontra num cenário extremamente favorável”, diz.
Política de neoindustrialização
Para ele, o país vive uma nova fase industrial após o anúncio da política de neoindustrialização, (o programa NIB – Nova Indústria Brasil), em janeiro deste ano. “Esse cenário tem feito com que a indústria volte, de fato, a ter um papel protagonista no crescimento econômico. Todos os programas que o governo implementou vêm promovendo um ambiente propício para grandes anúncios de investimentos privados”, diz.
Crescimento passa pela sustentabilidade
Segundo estimativas do Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe – CAF, o Brasil pode faturar entre US$ 55 e US$ 395 bilhões só em exportações de produtos com selo sustentável, até 2032. Para Rafael Lucchesi, diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, a evolução da indústria nacional passa obrigatoriamente pela sustentabilidade.
“Temos que criar as competências para nos tornar grandes exportadores de manufaturas verdes e desenvolvedores de tecnologias. Além do uso dos recursos naturais e renováveis para desenvolvimento de novos produtos, o Brasil reúne as condições necessárias para ser mais competitivo, utilizando-se das vantagens de sua matriz elétrica e energética limpas e da estratégia de powershoring”, diz.
Setor de alumínio já experimenta crescimento por meio da reciclagem
Janaina Donas, presidente-executiva da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), atesta que a sustentabilidade já faz diferença na indústria de alumínio, setor que contribui com 5,6% do PIB Industrial do país e é responsável pela geração de mais de 511 mil empregos diretos e indiretos.
Segundo ela, a produção brasileira de alumínio primário expandiu 26% nos últimos anos, atingindo mais de 1 milhão de toneladas, e um dos drives de crescimento da indústria é a reciclagem. “Atualmente, cerca de 60% do alumínio consumido no país já provém de fontes recicladas, enquanto a média mundial é de 30%. E, analisando apenas o desempenho do segmento de latas de alumínio para bebidas, há mais de 15 anos, o índice de reciclagem se mantém acima dos 96%”, afirma.
Para ele, o Brasil precisa pensar além de ser somente um produtor de energia verde, como uma nova commodity, mas trabalhar para usar a energia verde como uma grande vantagem competitiva. Além disso, um fator importante da NIB são as condicionalidades e contrapartidas para acesso aos benefícios da nova política industrial.
Por fim, a indústria brasileira é responsável por 25,5% do PIB e emprega mais de 11 milhões de trabalhadores em diversos setores, sendo essencial para a economia do país.
Júlio Rossato