Tesouro IPCA+ oferece juros reais acima de 7% pela primeira vez em 14 anos
Quem deu uma espiada nos títulos públicos negociados no Tesouro Direto nos últimos dias enxergou lá uma situação que, se não inédita, é muito rara. Os títulos públicos atrelados à inflação com vencimento em 2035 – chamados de Tesouro IPCA+ – estavam oferecendo juros reais acima de 7% ao ano.
O detalhe: uma remuneração desse tamanho só foi vista em 5% dos mais de 3.500 dias úteis em que esse papel foi negociado no mercado nos últimos 14 anos, desde 2010.
Disparada dos juros
A disparada recente dos juros é um reflexo de como o mercado recebeu a notícia do pacote fiscal anunciado pelo governo duas semanas atrás: com ceticismo e desconfiança. Sem convicção de que as medidas serão suficientes para aliviar as contas públicas e conter o crescimento da dívida, os agentes econômicos já dão como certo que será preciso elevar as taxas para segurar a inflação.
Oportunidades na renda fixa
Algumas oportunidades estão no mercado de renda fixa. Além de títulos públicos, investimentos como CDBs, debêntures e até ativos estruturados oferecem remunerações elevadas, com mais ou menos riscos a depender do emissor e das condições de cada papel.
Para evitar concentrar todas as aplicações em um único tipo de papel, é importante diversificar. Os títulos públicos devem compor uma parte do portfólio, assim como os investimentos bancários, que possuem a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). No caso de debêntures e outros ativos de empresas, é mais seguro buscar aqueles conhecidos como high grade (com risco de crédito e potencial de retorno menor).
Historicamente, um investimento quase imbatível
Títulos de renda fixa pagando IPCA+ 7% podem ser um “investimento quase imbatível”, segundo Rafael Wynalda, especialista do banco Inter. Papéis com esse formato de remuneração, além de pagar juros, corrigem o investimento pela inflação.
Por isso, algumas casas têm enfatizado uma alocação prioritária de renda fixa em títulos de inflação para 2025.
Segundo Matheus Volpato, responsável pela equipe de Distribuição de Produtos na Assessoria XP, papéis de renda fixa embutem sempre três riscos principais: de crédito, de liquidez e de mercado. No caso dos títulos públicos de inflação, o maior risco percebido é o de mercado. Quando as taxas de juros sobem, papéis antigos se desvalorizam devido à chamada “marcação a mercado”.
Diversificação é a chave
O ideal é evitar concentrar todas as aplicações de renda fixa em um único tipo de papel. Os títulos públicos devem, sim, compor uma parte do portfólio, mas é importante diversificar. Além disso, é interessante olhar para outros indexadores, como os pós-fixados, que oferecem menos risco.
Júlio Rossato