Morgan Stanley recomenda cautela aos investidores brasileiros em 2025
O Morgan Stanley reduziu a exposição do Brasil na América Latina para underweight, o que equivale à venda. O banco destaca a preocupação com a dominância fiscal e a alavancagem financeira no Brasil. O tema “dominância fiscal” tem ganhado cada vez mais destaque entre os investidores. A dominância fiscal é caracterizada por uma perda de eficácia da política monetária em cenário de desarranjo das contas públicas. As taxas mais altas podem levar a um aumento de risco do ciclo financeiro e expulsar capitais. Elas também aumentam os riscos do ciclo operacional das companhias.
Recomendações
O Morgan Stanley recomenda que os investidores fiquem de olho na alavancagem no Brasil e explorem modelos operacionais e alavancagem financeira, pois o risco está aumentando. Para se proteger neste cenário, o Morgan Stanley ressalta a aposta no “Texas Trade”, que une petróleo, agricultura e tecnologia. O banco vê que os setores de transporte, educação, empresas do setor de saúde e cíclicos de consumo selecionados lideram a lista de empresas com alta alavancagem operacional e financeira.
Impacto na Selic
A curva de juros agora precifica a Selic a 16,7% e o real continua se enfraquecendo. O Itaú passou a ver uma taxa Selic ao fim do ciclo de alta a 15%. O aumento da dívida pública deve continuar pressionando juros e inflação para cima, o que tira do horizonte uma recuperação da Bolsa. Para a instituição financeira, a única forma de os preços dos ativos estabilizarem ou melhorarem seria o Governo implementar mudanças estruturais no Orçamento, o que “parece altamente improvável”. O Bradesco BBI está neutro em ações brasileiras, focando em exportadoras (dado o real fraco), bancos (com taxas de juros mais altas por mais tempo) e ações selecionadas focadas no consumidor doméstico (dada a relativa resiliência do consumidor).
Conclusão
O cenário para o Brasil em 2025 é cauteloso. Investidores devem adotar um portfólio mais defensivo, com companhias com receitas em dólar e menos relacionadas ao mercado interno, como exportadoras, e também aquelas que são historicamente boas pagadoras de dividendos. Por outro lado, é recomendado que os investidores reduzam posições em players cíclicos e mais alavancados. Até lá, os estrategistas veem um cenário cauteloso para o Brasil, mas ainda veem boas opções na Bolsa.
Júlio Rossato