Advogado assume defesa de Braga Netto
Quatro dias após a prisão do general Walter Braga Netto no chamado “inquérito do golpe”, um novo advogado assume sua defesa. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o criminalista José Luís Oliveira Lima, constituído para defender o ex-ministro, garante que a mudança não tem relação com a possibilidade de negociar uma delação premiada.
Um acordo de colaboração, segundo a defesa, está fora de cogitação. “O general não praticou crime algum. Portanto, não fará colaboração”, assegura.
Braga Netto é um democrata, afirma advogado
Segundo o advogado, Braga Netto não poderia implicar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e nenhum outro investigado, porque não teve participação no plano de golpe. “O general Braga Netto é um democrata, não participou de nenhuma reunião golpista”, defende.
Oliveira Lima visitou Braga Netto, na quarta-feira (18), no Comando da 1.ª Divisão de Exército, na Vila Militar, em Deodoro, no Rio de Janeiro (RJ). O advogado afirma que o general ficou surpreso e indignado com a prisão. A primeira medida da defesa será pedir o depoimento do ex-ministro para esclarecer pontos que considera importantes.
Defesa nega interferências do general
Braga Netto foi preso preventivamente por tentar obstruir a investigação sobre o plano de golpe. Segundo a PF, ele tentou conseguir informações sigilosas sobre a delação do tenente-coronel Mauro Cid para repassar a outros investigados e também alinhou versões com aliados.
A defesa nega interferências do general. O advogado afirma que as acusações têm como base exclusivamente a versão de Mauro Cid, “um delator com credibilidade zero”.
General é um dos 40 indiciados
O general é um dos 40 indiciados pela PF por golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado de Direito. O ex-ministro foi citado 98 vezes no relatório do inquérito do golpe e apontado como “figura central” do plano golpista.
A investigação da PF também indicou a influência do general em uma campanha velada, mas agressiva, de pressão ao então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, para aderir ao golpe.
Júlio Rossato