Bancos centrais em alerta
Os bancos centrais do Brasil e da Indonésia se esforçavam para defender suas moedas nesta quinta-feira, horas depois que o Federal Reserve sacudiu os mercados ao indicar que talvez não reduza muito as taxas de juros dos Estados Unidos no próximo ano.
O reconhecimento tácito do Fed dos riscos inflacionários que provavelmente advirão das políticas comerciais e de imigração do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, gerou nervosismo nos investidores.
Impacto nos mercados emergentes
Taxas de juros mais altas nos EUA poderiam levar a um retorno dos problemas cambiais e de fluxos de capital do ano passado, dos quais os mercados emergentes mal estavam se recuperando. A vantagem do dólar em termos de rendimento poderia levar o capital a sair de seus mercados e, ao mesmo tempo, enfraquecer suas moedas, o que poderia gerar pressões inflacionárias e volatilidade no mercado.
Resposta dos bancos centrais
Nesta quinta-feira, os bancos centrais da Coreia do Sul, da Índia e da Indonésia agiram rapidamente, defendendo suas moedas com a venda de dólares e com fortes advertências verbais. O banco central da Índia vendeu dólares para dar suporte à rupia, que atingiu seu nível mais baixo de todos os tempos, ultrapassando o nível psicológico de 85 rupias para 1 dólar.
As últimas projeções de taxas do Fed significam que é provável que a autoridade monetária norte-americana corte as taxas apenas duas vezes no próximo ano, abaixo de sua estimativa anterior em setembro de quatro cortes em 2025.
Impacto nas perspectivas de crescimento
As políticas comerciais esperadas de Trump, juntamente com os prováveis cortes de impostos e a desregulamentação, impulsionaram as perspectivas de crescimento dos EUA, estimulando uma alta do dólar e dos juros norte-americanos. A postura hawkish do Fed é um fardo adicional para os mercados emergentes, que já estão se recuperando das ameaças de tarifas de Trump.
Júlio Rossato