Lula pode trocar ministro da Defesa
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode ter de começar a tão aguardada reforma ministerial trocando o comando do Ministério da Defesa.
Segundo informações da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, o ministro José Múcio Monteiro, amigo pessoal do presidente, já teria comunicado a Lula que não tem intenção de continuar no cargo.
De acordo com o jornal, Múcio e Lula devem ter uma conversa definitiva sobre o assunto nos próximos dias. O ministro da Defesa teria concluído que “cumpriu sua missão” à frente da pasta e estaria disposto a deixar o primeiro escalão do governo.
Boa relação com as Forças Armadas
A eventual saída de José Múcio do Ministério da Defesa não é considerada uma tarefa simples por Lula, dada a boa relação que o chefe da pasta mantém com todo o alto comando das Forças Armadas.
A instituição vive um momento turbulento em meio às investigações da Polícia Federal (PF) sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No último fim de semana, o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil de Bolsonaro, foi preso.
Vice-presidente Geraldo Alckmin pode assumir pasta
Caso a saída de José Múcio se confirme, o nome mais cotado para assumir o Ministério da Defesa é o do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que hoje também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Alckmin conta com a plena confiança de Lula e, segundo interlocutores do presidente, também tem boa relação com as Forças Armadas.
Desafios do governo
Outro desafio importante que se avizinha para o governo é a possível resistência do PT a ceder aos partidos do “centrão” espaços estratégicos ocupados atualmente pela legenda. Em 2022, Lula se elegeu sob o lema da “frente ampla” contra o então presidente Jair Bolsonaro, unindo lideranças políticas da esquerda ao centro, até mesmo da centro-direita.
Apesar de contar com ampla representatividade partidária no primeiro escalão, Lula reservou ao PT e aliados alguns dos ministérios mais cobiçados da Esplanada. São dez dos 39 ministérios, praticamente 25% do governo.
Representação do “centrão”
Uma das principais variáveis que devem ser levadas em consideração por Lula é a necessidade de uma maior representação dos partidos do chamado “centrão”, especialmente os vitoriosos nas eleições municipais deste ano.
A tendência é a de que Lula espere as eleições para as Mesas Diretoras na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, no início de fevereiro de 2025, para bater o martelo sobre o novo desenho de seu governo – embora o mundo político veja espaço cada vez mais reduzido para surpresas nessas disputas.
Informações sobre o autor
Fábio Matos é jornalista formado pela Cásper Líbero, pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou em diversos veículos de comunicação, cobrindo política e economia, e é autor de dois livros.
Júlio Rossato