O impacto do dólar alto no bolso do brasileiro
Nos últimos dias, o dólar tem renovado seus recordes nominais e ultrapassou o valor de R$6, chegando a R$6,27. O aumento do dólar reflete diretamente no preço dos alimentos, combustíveis e no aluguel, afetando principalmente a população mais pobre.
Como funciona o aumento do dólar?
Desde que o preço da moeda americana passou dos R$6, quase todos os produtos comercializados no Brasil tiveram um aumento de preço, pois uma parcela deles tem o dólar envolvido em sua cadeia de produção. Isso significa que o repasse tende a ser cada vez mais rápido e intenso, gerando uma inflação cambial difícil de fugir ou reverter.
Um exemplo é o trigo utilizado para fazer pão, que é importado e, portanto, tem o preço da matéria-prima em dólar. Se o dólar passou de R$5,80 para R$6,20, essa diferença de preço é repassada para o consumidor final. Essa lógica funciona para muitos alimentos, inclusive os produzidos no Brasil. Com o dólar mais caro, os produtores preferem exportar para o exterior, aumentando o lucro e escasseando o produto no mercado interno.
O impacto nos alimentos
De acordo com o IBGE, nos últimos 12 meses, o preço das carnes aumentou 15%. Itens como arroz, feijão fradinho, leite longa vida, óleo de soja e café moído também tiveram um aumento significativo. Com a disparada do dólar, o cenário deverá piorar ainda mais, gerando impactos na população mais carente.
O impacto no combustível e no aluguel
A gasolina já acumula um aumento de 8,75% em 12 meses até novembro. O dólar também afeta o preço do diesel, que abastece o transporte público, máquinas agrícolas e caminhões de frete. O aluguel é outro caso de impacto indireto. A maioria dos aluguéis faz o reajuste de acordo com o índice de preços IGPM, que considera o impacto de preços da construção civil e ao produtor.
Projeção de inflação
Segundo a XP Investimentos, se o dólar se manter no nível de R$6,20 ao longo do ano, a projeção de inflação aumenta para 5,90%. Renan Pieri, professor de economia da FGV EAESP, acredita que a única forma de estabilizar o dólar é por meio de uma comunicação assertiva do governo com o mercado financeiro. Já o professor da FIA Business School Carlos Honorato acredita que a solução é mais clareza da parte do governo em relação ao seu compromisso fiscal, sem ruídos da base, e da parte internacional, após a posse de Trump.
Júlio Rossato