Desafios e oportunidades no mercado financeiro
No episódio 225 do programa GainCast, traders experientes discutiram os desafios e oportunidades que o cenário de alta volatilidade trazem ao mercado financeiro. O dólar, por exemplo, teve oscilações que ultrapassaram 150 pontos em um único dia, exigindo atenção redobrada, estratégias bem calibradas e, principalmente, controle emocional.
Para Roberto Indech, head de Relações Institucionais de Renda Variável da XP, a volatilidade atual do dólar não é apenas uma questão de política governamental, mas também de uma conjuntura envolvendo o Congresso Nacional. Além disso, fatores externos, como as políticas de Donald Trump e a possibilidade de novas taxações sobre o Brasil, têm alimentado incertezas, segundo ele. “Para muitos traders iniciantes, essa volatilidade intensa pode ser uma armadilha perigosa. Os dias em que vemos movimento de tendência, seja para baixo ou para cima, são os dias em que mais traders quebram”, ressalta.
Adaptação ao mercado atual
Alison Correia, trader e sócio da Dom Investimentos, lembrou que o mercado mudou drasticamente nos últimos anos. Ele apontou que, há cinco anos, o dólar oscilava entre 15 e 30 pontos por dia e hoje, as oscilações chegam a 150 pontos: “É um mercado que te dá muitas oportunidades para ganhar dinheiro, mas também traz riscos elevados. O primeiro passo é calibrar a mão”, afirma.
Essa adaptação, segundo Alison, significa reduzir o número de contratos operados, mantendo o mesmo nível de risco financeiro. “Nem as instituições estão se expondo. Então porque a gente vai se expor com a mão cheia”, questiona.
O trader João Paulo Costa, o JP Costa, também chamou atenção para o uso do book de ofertas como ferramenta essencial para lidar com a volatilidade. “Dois meses atrás, no minidólar, tínhamos 500 contratos em cada nível de preço. Hoje, tem momentos que você olha e não tem 100 contratos. Os players estão tirando o pé, inclusive nos robôs. Não adianta insistir em uma mão grande”, afirma.
A volatilidade como aliada
Para os traders experientes, a volatilidade também pode ser uma aliada. “O mercado de câmbio oscilando te dá muitas oportunidades. Mesmo que você perca uma pernada, logo outra aparece”, diz Alison Correa. Mas ele reforçou, que o segredo está em agir com calma e evitar decisões impulsivas.
A volatilidade, que impacta o mercado futuro e gera oportunidades para os traders, tem, por outro lado, criado desafios significativos para quem opera swing trade em ações.
Cautela no swing trade
André Moraes, analista de investimentos e sócio da XP, apontou que, nos últimos meses, o mercado de papéis ficou “terrível”. Ele aponta que ações como Alpargatas (ALPA4), chegou a cair em dois dias 10% e dias depois subiu 13%. Esse cenário se repetiu na CVC (CVCB3), que teve dias de alta significativa, segundo ele, mas devolveu os ganhos em seguida. “A CVC subiu 25% em três dias. Quem não saiu no outro dia, devolveu tudo, porque ela recuou 15%”, ressaltou.
Diante disso, André enfatizou que, no swing trade, o momento exige cautela e paciência e a melhor opção pode ser ficar de fora. “Está todo mundo apanhando muito, inclusive os fundos”, observa.
Carteira equilibrada
Pensando em um horizonte de dois anos, os especialistas também discutiram uma carteira equilibrada para investidores que querem aproveitar as condições atuais. A carteira hipotética ficou assim: 25% de Tesouro IPCA com vencimento curto (2029 ou 2030); 25% de Tesouro pré-fixado com vencimento em janeiro de 2027; 20% em ETFs, de Small Caps, aguardando um momento de inflexão na inflação para a aquisição; 20% em fundos com exposição ao dólar no mercado global; e 10% livres, aguardando novas oportunidades.
Segundo os traders, essa composição busca diversificar riscos e equilibrar a exposição entre renda fixa, renda variável e ativos atrelados ao mercado global, proporcionando proteção contra a inflação e volatilidade cambial.
Júlio Rossato