Desvalorização do câmbio aumenta repasse para preços ao consumidor
Segundo economistas, o momento atual exige ainda mais cuidado com a desvalorização da moeda brasileira, que tem um repasse maior nos preços ao consumidor. O Banco Central mencionou o repasse do câmbio na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de dezembro, que elevou a Selic para 12,25% ao ano e indicou mais dois aumentos de 1 ponto porcentual. Os economistas explicam que a economia brasileira opera acima da capacidade, o que adiciona mais cautela ao cenário, turbinando o efeito da moeda nos itens vendidos ao consumidor. Em momentos em que a economia opera muito próxima ou acima de sua capacidade, a desvalorização do câmbio é repassada com mais rapidez e força aos preços ao consumidor, segundo especialistas.
Gradações diferentes do repasse
Os economistas destacam que há gradações diferentes desse repasse, a depender do tipo de item, já que nos alimentos (14%) e bens industriais (8%) a tendência do repasse é muito mais forte do que nos serviços (2%).
Velocidade do repasse
Além da intensidade do repasse, a velocidade também está maior, segundo a estrategista de inflação da Warren Investimentos. Um estudo feito pela Warren apontou que a defasagem de movimentos de desvalorização cambial para os preços ao consumidor, que no período pré-pandemia durava até quatro trimestres, hoje tem ocorrido praticamente dentro de apenas um trimestre, ao menos numa cesta específica de itens, que tem correlação mais forte com a cotação do dólar. A cesta inclui principalmente bens como móveis, eletroeletrônicos e itens de higiene pessoal e limpeza.
Projeções de inflação
Os economistas projetam que a inflação ao longo de 2025 será mais influenciada pelos alimentos e bens, que são muito afetados pelo câmbio. A Warren projeta IPCA de 4,9% em 2024 e 5,15% ao final do ano que vem, enquanto a Quantitas trabalha com um cenário em que o IPCA sai de 4,8% no fim de 2024 e vai a 5,5% no encerramento de 2025.
Júlio Rossato