Desafios enfrentados pela Vale em 2024
As ações da Vale (VALE3) enfrentaram um ano desafiador em 2024, influenciadas por uma combinação de fatores macroeconômicos e eventos internos que impactaram diretamente sua performance.
Desde o primeiro dia de negociação deste ano até 26 de dezembro de 2024, as ações acumulam uma queda de 22,68%, refletindo as adversidades enfrentadas pela empresa.
Fatores que influenciaram a queda das ações
A Vale, como uma das maiores exportadoras globais de minério de ferro, teve suas receitas afetadas em 2024 pela flutuação dos preços da commodity. A desaceleração da economia chinesa, principal consumidora do minério, foi um dos fatores determinantes para essa volatilidade.
A menor demanda da China gerou uma pressão significativa sobre os preços, reduzindo a margem de lucro da mineradora. Esse cenário de menor demanda se somou às incertezas globais, como os impactos de políticas monetárias restritivas e a desaceleração do setor industrial chinês.
Com isso, o minério de ferro registrou preços abaixo das expectativas do mercado, pressionando o desempenho financeiro da Vale e, consequentemente, suas ações. Para 2025, o desempenho da economia chinesa será um dos principais indicadores a serem acompanhados por investidores.
Em 2024, a Vale também enfrentou incertezas internas, incluindo especulações sobre mudanças na liderança da empresa, como a possível indicação de Guido Mantega para o comando. Essa situação gerou apreensão entre os investidores, adicionando pressão sobre o desempenho dos papéis.
Desempenho financeiro da Vale
No terceiro trimestre, a mineradora reportou um lucro líquido de US$ 2,41 bilhões, uma queda de 15% em relação ao mesmo período do ano anterior. A combinação de menores preços do minério de ferro e provisões adicionais impactou negativamente os resultados, reforçando um cenário de cautela para os próximos meses.
Análise técnica das ações da Vale
No gráfico semanal de VALE3, é possível identificar uma formação de triângulo descendente, caracterizada por topos descendentes e fundos na mesma região de suporte. Este padrão gráfico geralmente sinaliza uma possível continuação da tendência de baixa.
Analisando os níveis técnicos no gráfico semanal, o suporte em R$ 52,73 surge como um ponto crucial para limitar quedas mais bruscas. Caso este suporte seja perdido, os preços podem buscar o nível seguinte de R$ 48,40, com um suporte mais distante e pessimista em R$ 37,38.
No gráfico mensal, as ações encontram-se em um movimento de consolidação amplo entre o suporte de R$ 52,73 e a resistência de R$ 83,96, sendo este último o topo histórico. Embora a média móvel de 21 períodos tenha cruzado de cima para baixo a de 50 períodos, o suporte em R$ 52,73 ainda pode atuar como uma barreira relevante para evitar quedas mais acentuadas.
Cenário futuro da Vale
Tanto no gráfico semanal quanto no mensal, o contexto para as ações da Vale é de cautela. O cenário global, especialmente a dinâmica da economia chinesa e os preços do minério de ferro, serão determinantes para o desempenho da mineradora no próximo ano.
Enquanto isso, os investidores devem monitorar de perto os níveis de suporte em R$ 52,73 e R$ 48,40, além de acompanhar qualquer mudança na conjuntura macroeconômica.
Apesar dos desafios, uma eventual recuperação nos preços das commodities e sinais de melhora no cenário interno podem abrir caminho para uma reversão de tendência.
Júlio Rossato