Ações da Eneva (ENEV3) sobem 5,16% após mudança em leilão de capacidade de reserva
As ações da Eneva (ENEV3) despontam 5,16%, a R$ 10,59, por volta de 12h55 (horário de Brasília) desta segunda-feira (6). O movimento acontece após o Ministério de Minas e Energia (MME) mudar as diretrizes para o leilão de capacidade de reserva, previsto para contratar mais potência para o sistema elétrico brasileiro em 2028 a 2030.
A alteração, publicada hoje no Diário Oficial da União, expande a possibilidade de participação para usinas termelétricas já existentes, corrigindo uma limitação anterior que beneficiava exclusivamente novos empreendimentos. A mudança foi bem recebida pelo mercado e pelos analistas, com destaque para o impacto positivo sobre a Eneva, uma das principais geradoras térmicas do país.
Novas diretrizes beneficiam a Eneva
Analistas financeiros do Itaú BBA e JP Morgan dizem que, entre os ajustes realizados, dois pontos se destacam: a inclusão de ativos existentes na disputa pelos contratos de fornecimento e a extensão do prazo de suprimento para esses contratos, que agora será de dez anos. Anteriormente, as regras restringiam a participação no leilão a novos empreendimentos, o que gerou apreensão no mercado, especialmente para a Eneva, que enfrentou uma queda de quase 10% em suas ações na semana passada devido à impossibilidade de recontratar usinas do Complexo Parnaíba.
O Itaú BBA, em relatório enviado a investidores, aponta que as novas diretrizes eliminam parte da incerteza sobre a recontratação de ativos da Eneva, como Parnaíba I e III. O banco também mencionou que a ampliação do escopo do leilão pode levar a uma demanda maior, com a participação de diversas termelétricas no processo.
Leilão segmentado
O leilão será segmentado em diferentes categorias de produtos, separando aqueles voltados para usinas existentes e novos empreendimentos. Para as usinas existentes, o fornecimento começará entre 2025 e 2030, com contratos de dez anos. Já para novos empreendimentos, os contratos serão de 15 anos. As termelétricas, segundo o MME, devem utilizar gás natural ou biocombustíveis, e os produtos se dividem por ano de início de fornecimento.
Os produtos do leilão incluem opções para usinas existentes com início de fornecimento entre 2028 e 2030, produtos equivalentes voltados para novas usinas com prazos contratuais mais longos e um produto específico para capacidade hídrica em 2030, destinado à adição de novas turbinas em usinas hidrelétricas.
Benefícios para a Eneva
Conforme o BBA, as alterações nas regras favorecem diretamente a Eneva porque a empresa possui ativos competitivos e bem posicionados para os leilões de 2028. A companhia, de acordo com os estrategistas, tem agora melhores condições para renovar seus contratos em termos vantajosos, o que pode impulsionar a confiança do mercado e recuperar o valor de suas ações.
Além disso, o banco diz que as mudanças aumentam a previsibilidade para investidores, ao proporcionar maior segurança no planejamento e na operação das usinas térmicas existentes. Para o BBA, o novo formato do leilão também amplia a participação de outras termelétricas existentes, criando um ambiente acirrado e com maior diversidade de participantes.
Recompra de ações
O JP Morgan também avalia como amplamente positivo o impacto das novas regras do leilão de capacidade do MME sobre a Eneva. Mas, segundo o relatório, a segmentação reduz a concorrência, beneficiando tanto a renovação de plantas existentes quanto a construção de novas capacidades, além de proporcionar maior previsibilidade de fluxo de caixa com a extensão dos contratos.
Outro ponto de destaque observado pelo JP Morgan é o programa de recompra de ações anunciado pela Eneva, que prevê a aquisição de até 50 milhões de papéis ao longo de 18 meses, equivalente a aproximadamente 10% do free float (livre circulação) da companhia. Para o JP Morgan, essa iniciativa é um grande salto da gestão em relação às perspectivas da empresa, além de representar um volume expressivo para os acionistas.
Júlio Rossato