Israel acusa propaganda em mandados de prisão por crimes de guerra
Tribunais estrangeiros estão sendo pressionados por grupos pró-palestinos a emitir mandados de prisão contra israelenses por crimes de guerra em Gaza. No entanto, o governo de Israel descreveu essas ações como 'atividades de propaganda' e afirmou que nenhum mandado foi emitido até o momento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) já emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, além de um líder do Hamas, Ibrahim Al-Masri. Os mandados contra os israelenses causaram indignação em Israel e levantaram preocupações de que mandados semelhantes possam ser emitidos contra israelenses que serviram nas Forças Armadas em Gaza.
Grupo pró-palestino move ação no Brasil
No último domingo, um reservista israelense de férias no Brasil deixou o país após um juiz federal brasileiro em Salvador ordenar que a polícia abrisse uma investigação sobre alegações de que ele havia cometido crimes de guerra enquanto servia em Gaza. A Fundação Hind Rajab, um grupo pró-palestino que moveu a ação, disse que está se concentrando em ações legais ofensivas contra perpetradores, cúmplices e incitadores de crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Palestina. O grupo, sediado na Bélgica e com o nome de uma menina palestina morta em Gaza no ano passado, apresentou ao TPI provas de supostos crimes de guerra contra 1.000 israelenses, incluindo relatórios de vídeo e áudio, relatórios forenses e outros documentos. O TPI confirmou ter recebido um registro e disse que 'analisaria os materiais enviados, conforme apropriado'.
Israel minimiza impacto dos mandados
O Ministério das Relações Exteriores de Israel ofereceu assistência ao reservista visado pela ação no Brasil, mas autoridades afirmaram que o problema não é generalizado. O diretor-geral do Ministério, Eden Bar Tal, disse que não houve mais do que 10 a 12 casos desde o início da campanha de Israel em Gaza há 15 meses e que 'não houve emissão de mandado em nenhum desses casos'. Ele descreveu as ações como 'atividades de relações públicas relativamente fortes, mas com resultados judiciais muito baixos, muito, muito baixos - zero'. Israel acredita que essas atividades são patrocinadas por entidades que têm conexões diretas com organizações terroristas.
Grupo pró-palestino tem ligação com Hezbollah
O fundador da Fundação Hind Rajab, Dyab Abou Jahjah, publica mensagens na plataforma de rede social X prometendo mover ações legais contra soldados israelenses e pedindo ajuda para identificá-los. Ele também publicou mensagens de apoio ao movimento Hezbollah, apoiado pelo Irã, considerado uma organização terrorista por muitos países ocidentais. O grupo não respondeu a um pedido de comentário em um primeiro momento.
Reservistas israelenses alertados sobre possíveis prisões no exterior
O Exército israelense alertou os reservistas que eles poderiam ser presos no exterior por causa de supostos crimes de guerra em Gaza, de acordo com documentos publicados pela imprensa israelense. O jornal de esquerda Haaretz disse que foram apresentadas queixas contra soldados israelenses na África do Sul, Bélgica, França e Brasil. No entanto, Rubens Becak, professor de direito da Universidade de São Paulo, disse que nem sempre é fácil para países terceiros responderem a ações desse tipo. 'Sem uma legislação específica, fica muito difícil para instituições como a Polícia Federal agirem em casos como esse', disse.
Júlio Rossato