Prisões de ativistas e figuras políticas antes dos protestos
Os partidos de oposição e ONGs venezuelanas denunciaram as prisões de um proeminente ativista da liberdade de imprensa e de uma conhecida figura da oposição, entre outros, antes dos protestos planejados contra a posse do presidente Nicolás Maduro para seu terceiro mandato, na sexta-feira.
O partido oposicionista Vontade Popular disse na rede social X, na noite de terça-feira (7), que pelo menos 19 pessoas haviam sido detidas em todo o país no que chamou de “agravamento da perseguição e repressão” pelo governo de Maduro.
Nem o Ministério das Comunicações nem o gabinete do procurador-geral responderam imediatamente a pedidos de comentários sobre as prisões.
Governo investiga líderes da oposição por suposta conspiração
O governo está investigando os principais líderes da oposição por suposta conspiração, entre outras acusações, e os acusou repetidamente de incitar a violência em suas alegações de vitória na eleição de julho.
A oposição publicou resultados de urnas que, segundo ela, mostram uma vitória retumbante de seu candidato Edmundo González, que está atualmente em uma turnê regional para promover a causa da oposição venezuelana e que é reconhecido por vários países, inclusive os Estados Unidos, como presidente eleito.
A autoridade eleitoral da Venezuela e a contagem de votos oficial afirmam que Maduro venceu, mas não publicaram os resultados detalhados.
Detenções de líderes da oposição e ativistas
González disse que seu genro foi sequestrado na terça-feira enquanto levava seus filhos para a escola.
O político Enrique Márquez, de 61 anos, que concorreu nas eleições de 2024, mas apoiou González como vencedor, foi detido, disse o partido Vontade Popular nas redes sociais, sem fornecer mais detalhes.
O diretor da ONG de liberdade de imprensa Espacio Publico, Carlos Correa, de 60 anos, foi preso na tarde de terça-feira por homens encapuzados, disse o grupo no X.
Posição da Colômbia e da líder da oposição
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, disse que as detenções de Márquez e Correa impedem sua presença na posse de Maduro. Petro acrescentou, na plataforma X, que não romperia relações com a Venezuela, com quem tem buscado aumentar o comércio.
A líder da oposição venezuelana María Corina Machado, que foi impedida de concorrer na disputa de 2024, mas continua muito popular, disse na terça-feira que participaria das marchas da oposição planejadas para quinta-feira, mas não especificou onde.
Machado, de 57 anos, está sendo investigada pelo governo em pelo menos dois casos de suposta conspiração e está escondida desde agosto. Não há mandado público para sua prisão.
“Eu não perderia esse dia por nada”, disse ela em uma coletiva de imprensa virtual. “A Venezuela estará livre, mas não posso garantir o dia ou a hora. Pode ser antes, durante ou depois de 10 de janeiro, mas vai acontecer.”
Júlio Rossato