Desafios na implementação da proibição de celulares nas escolas
A proibição do uso de celulares nas escolas é vista com bons olhos por grande parte da sociedade e da comunidade escolar. Entretanto, essa lei recém-sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrará diversos desafios para ser posta em prática. Professores e estudantes apontam problemas como a falta de infraestrutura nas instituições de ensino para guardar os celulares em segurança, a formação inadequada dos professores para utilizar as novas tecnologias de forma pedagógica e a necessidade de tornar as aulas mais atrativas para os alunos.
A nova lei que proíbe o uso de celulares nas escolas
Após tramitar pelo Congresso Nacional, a lei foi sancionada pelo presidente Lula da Silva e proíbe o uso de celulares nas escolas públicas e privadas, tanto nas salas de aula quanto no recreio e nos intervalos. Os aparelhos seguem sendo permitidos para o uso pedagógico, ou seja, quando autorizado pelos professores como instrumento para a aula. A principal justificativa para a nova lei é proteger as crianças e adolescentes dos impactos negativos das telas na saúde mental, física e psíquica.
Desafios apontados pelos professores
Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo, os professores apoiam a proibição, mas apontam desafios para colocar a medida em prática. Ele questiona onde ficarão os equipamentos dos alunos, em que momento o celular será utilizado, como será feito o planejamento para uso pedagógico e se a escola pública está equipada para isso. Araújo defende que deveria haver uma discussão maior nas redes de ensino e um fortalecimento da gestão democrática da escola.
Opinião dos estudantes
Para os estudantes, apenas proibir o celular não é suficiente. É preciso tornar as aulas mais atrativas e tecnológicas. Segundo o presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Hugo Silva, se a aula é mais interessante que as redes sociais, o aluno abandonará o celular e prestará atenção na aula. Restringir o uso de celular pode aumentar a desigualdade, principalmente entre escolas públicas e particulares.
Lei já em vigor em alguns locais e escolas
A restrição ao uso de celulares nas escolas já é uma realidade em alguns locais, como no estado de São Paulo e na cidade do Rio de Janeiro. O texto aprovado pelo Senado Federal restringe a proibição para a educação básica e apresenta exceções, como para garantir a acessibilidade e a inclusão. As escolas também deverão estabelecer ambientes de escuta para estudantes que apresentem sofrimento em decorrência de nomofobia, que é o medo de estar longe do celular.
Investimento na formação dos professores
Para Gilberto Lacerda Santos, professor da Universidade de Brasília, as restrições são uma falha dos sistemas educacionais e da sociedade em entender e incorporar na educação os potenciais da tecnologia. Ele defende investimento na formação dos professores para utilizarem adequadamente as tecnologias na sala de aula e assim, promover a educação de qualidade.
Júlio Rossato