Economista da XP Asset avalia cenário desafiador para Brasil em 2025
O economista-chefe da XP Asset, Fernando Genta, avalia que o cenário internacional desafiador não ajuda a situação do Brasil no próximo ano, mas uma mudança de postura interna poderia melhorar os principais indicadores econômicos. Segundo ele, se o país conseguisse fazer o dever de casa, teria espaço para uma depreciação significativa da taxa de câmbio, fechamento da curva de juros e retomada do crescimento em um nível forte. No entanto, o executivo não acredita que será possível reverter o atual cenário e projeta um PIB crescendo entre 1,5% e 2%, dólar em alta e taxa de juros no patamar de 15%.
Questão fiscal e reforma do Imposto de Renda
Genta avalia que o governo já não tem muitas alternativas para melhorar a questão fiscal em 2025, um dos principais fatores responsáveis pela desancoragem das expectativas do mercado no decorrer do último ano. Ele se refere à proposta de aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para até R$ 5 mil, que poderia ter efeito superavitário. No entanto, a medida pode direcionar muito dinheiro para quem gasta, sem necessariamente ajudar a frear a economia. Para Genta, apenas uma redução drástica da inflação neste ano conseguiria derrubar a inflação à meta no horizonte relevante estipulado pelo Copom no primeiro trimestre de 2026, de 3%.
Cenário internacional
Segundo Genta, o cenário internacional também é desafiador, com aumento do dólar globalmente, uma relação mais complexa com a Europa e mudanças políticas na China. Para o economista, o dólar deve se fortalecer contra todas as moedas, inclusive o real brasileiro. A economia americana deve continuar crescendo muito e o Banco Central americano não deve cortar mais os juros. Quanto à Europa, há uma situação política complexa, e a economia alemã, que se baseou muito em um modelo que tinha como ponto de partida o gás por preço barato, agora enfrenta concorrência com os carros elétricos chineses.
Projeções para o PIB
Economistas têm enfrentado dificuldades para acertar suas projeções sobre o PIB há alguns anos. Para Genta, o aumento dos gastos com o Bolsa Família levou a um aquecimento do mercado de trabalho para suprir a produção, mas isso levou a uma expansão tão grande no Brasil exatamente onde há maior efeito multiplicador, que é das pessoas que gastam 100% da renda. Genta projeta que o Banco Central terá que conter a inflação por meio de elevação nos juros, e a XP projeta que eles acabem o ano em 15,5%.
Júlio Rossato