Investimentos no Governo Trump: Onde Colocar seu Dinheiro?
Donald Trump inicia nesta segunda-feira (20) seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos prometendo uma “era de ouro” para o país. O republicano do slogan “make America great again” (torne a América grande de novo, em tradução livre) vai adotar uma postura protecionista que deve beneficiar a economia local ao mesmo tempo em que dificulta a economia de emergentes, como o Brasil.
O conjunto de políticas que começam a ser implementadas hoje é o “pior possível” para os países emergentes, segundo Paulo Leme, chairman do Comitê Global de Alocação da XP Advisory.
Renda Fixa
Enquanto ainda não se sabe a extensão do programa de Trump, a renda fixa se apresenta como uma opção segura e rentável. Para Marília Fontes, sócia-fundadora da Nord Investimentos, o momento é favorável para investir em pós-fixados no Brasil, já que a expectativa é que os juros alcancem 15% ao ano.
“Os títulos pós-fixados são para os investidores que acham que os indicadores não vão melhorar. Já o prefixado é para quem vê dias melhores no futuro”, diz a especialista em renda fixa.
Bolsa de Valores
Na Bolsa, o cenário segue desanimador para Andrew Reider, diretor de investimentos da gestora WHG. “A gente precisa de um catalisador, algum evento que nos tire desse modo crise. O que enxergamos de mais óbvio é algum anúncio, alguma medida do governo”, disse o diretor na finalização da sua participação no Onde Investir 2025.
Com o mercado local andando de lado, investir em ações que pagam dividendos pode ser uma boa saída, já que a estratégia contempla ações de companhias mais robustas, posicionadas em setores resilientes, como financeiro, saneamento e energia.
Para Reider, o investimento nos EUA é a melhor tese do ano, mesmo que o especialista reconheça a incerteza que Trump traz para o mercado. “A questão é, se a economia está bem, se a chegada do Trump ajuda o empresário a investir mais na economia doméstica, de repente é a hora de comprar as empresas mais cíclicas locais. Com a correção do S&P, é um ponto de entrada bom. Para smalll caps também”, diz.
Tecnologia
Ao analisar o impacto do retorno de Donald Trump, Leonardo Otero, fundador da Arbor Capital, ressaltou que o otimismo entre empresários norte-americanos reflete a percepção de um governo mais alinhado à iniciativa privada. Inclusive, a tecnologia deve seguir como o motor dos ralis, impulsionados pela inteligência artificial e pelos semicondutores.
“A lucratividade média dessas empresas é de 20%, o que as coloca em um nível superior a setores como varejo e commodities”, disse Otero.
As empresas mais óbvias dos EUA, como Apple, Alphabet (dona do Google), Microsoft e Nvidia, devem gerar “bom retorno em um horizonte de cinco anos”, segundo Artur Wichmann, CIO da XP e presidente do Comitê de Alocação da XP Advisory Brasil. Mas ele alerta que a valorização deve ser acompanhada de “bastante volatilidade”.
Júlio Rossato