Tarifas de importação podem afetar economia global
A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos criou uma série de manchetes que movimentaram os mercados ao longo desta segunda (20) e devem continuar nas manchetes nesta terça (21).
Sol Azcune, analista de política internacional da XP, participou nesta terça do programa Morning Call da XP e disse que o tema maior de impacto global com o republicano na presidência está relacionado à questão das tarifas.
Segundo ela, ficou claro que há planos para a adoção em breve de taxas de importação. “Ele disse que o Canadá e o México podem sofrer com tarifas já no dia 1° de fevereiro, com uma alíquota de 25%. Lembrando que os dois países são os principais parceiros econômicos dos Estados Unidos”, disse.
“Isso teria impacto super relevante para esses países. No México, por exemplo, uma tarifa dessas poderia ter um impacto negativo para o PIB de 2,8% em apenas um ano”, acrescentou.
O presidente Trump alegou que a medida é uma resposta a falta de ação por esses governos em combater o crime organizado, principalmente na questão de drogas e a imigração ilegal.
“Por ora, isso está sendo vista como medidas que buscam fortalecer a posição dos Estados Unidos em negociações, mas existe um risco relevante de serem implementadas”, comentou.
Brasil não é foco de atenção de Trump
Em relação ao Brasil, Azcune disse que não espera grandes mudanças, com o país não sendo o foco de atenção de Trump. “Os governos têm algumas divergências ideológicas, podem ter menor proximidade, com uma relação mais formal, mas a gente sempre gosta de destacar que Estados Unidos e Brasil têm relações muito bem estabelecidas por longa data e regidas por organizações de destaque internacional” afirmou.
“Não esperamos nenhum tipo de ruptura, de tensão mais agravada como a gente poderá ver com o Canadá e o México”, comentou.
China precisa ficar de olho nas movimentações dos EUA
A analista disse que chama a atenção o fato de que em meio às falas de Trump e dezenas de decretos assinados, a postura dos Estados Unidos com relação a China não ficou clara e terá que se observar os movimentos do governo nas próximas semanas.
“A questão da tarifa (de importação) universal que tem se discutido muito, fala-se que os Estados Unidos não estariam prontos para isso. Em relação a China, Trump quase não comentou”, afirmou.
Sol Azcune apontou que Trump instruiu seu time a investigar “políticas errôneas” no comércio internacional, mas não determinou como será a abordagem com a segunda maior economia do mundo. “Para a cadeia global isso deve ser chave de acompanhar”, disse.
“A gente pode ter uma política mais ruidosa vindo dos Estados Unidos, com mais volatilidade com os anúncios e uma postura mais assertiva com relação aos vizinhos. Mas a China é um país superrelevante na política de Trump e precisa ficar de olho porque pode ter efeito cascata inclusive no Brasil”, concluiu.
Júlio Rossato