IPOs devem continuar postergados em 2025, segundo Anbima
A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) projeta que as ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) serão adiadas em 2025, contribuindo para a seca de estreias que já dura mais de três anos na Bolsa brasileira. Apesar das empresas terem captado um volume recorde de R$ 783,4 bilhões no mercado nacional em 2024, a renda variável deve seguir em segundo plano em 2025, devido aos níveis de juros globais e locais.
Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima, afirmou que “o custo de oportunidade de investir em equities ou vender parte de uma empresa com desconto acaba sendo um fator proibitivo” para os IPOs. Ele ainda completou que a retomada dos IPOs “não é o cenário-base para 2025″, embora uma oferta possa acontecer ao longo do ano.
Número de empresas listadas na Bolsa diminui
Desde setembro de 2021, nenhuma empresa abriu capital na Bolsa de Valores brasileira. Além disso, o número de companhias listadas na B3 vem diminuindo: eram 385 em janeiro de 2022 e hoje são 335. Empresas como EDP Brasil e Cielo realizaram Ofertas Públicas de Aquisição (OPA) para sair da Bolsa.
Renda variável tem baixa participação no mercado de capitais
Em 2024, a renda variável teve participação de 3,1% no volume de captação do mercado de capitais brasileiro, segundo a Anbima. No ano anterior, a parcela foi de 6,6% e em 2022, de 10,4%. A contribuição da classe para o resultado do mercado de capitais veio de nove follow-ons que somaram R$ 25 bilhões no ano passado, mas o volume dessas operações também vem caindo.
Os juros altos e a falta de apetite dos investidores por ativos de risco são as principais justificativas para a seca brasileira de IPOs. As empresas preferem momentos de alta no mercado para realizar as ofertas e conseguir mais dinheiro ao vender parte de suas ações.
Júlio Rossato