JPMorgan rebaixa Brasil em portfólio de América Latina
No mês de janeiro, o dólar caiu cerca de 5% ante o real, enquanto o Ibovespa subiu 5,51%. No entanto, para os estrategistas do JPMorgan, a alta nos ativos brasileiros não deve durar e é principalmente técnica. Os ciclos brasileiros estão se tornando mais breves e não devem permanecer por muito tempo. Desde que rebaixaram as ações do Brasil, os ativos caíram 5% enquanto o México subiu 5%. O Brasil está entre os melhores mercados do mundo até o momento, com o real também se destacando, responsável por 60% da valorização do MSCI Brasil. No entanto, ao olhar para os índices locais, o Brasil está em paridade com o México até agora, e abaixo do Chile e da Colômbia. Portanto, a história é, em primeiro lugar, técnica em relação às ações e, em segundo lugar, global (e também técnica) em relação ao real.
Para os estrategistas do JPMorgan, o real, na casa dos R$ 5,85, é negociado atualmente próximo ao valor justo, enquanto a equipe de câmbio do banco não vê ganhos substanciais sem notícias positivas no cenário local. A curva de rendimento já se fechou e está sendo negociada apenas 50 pontos base acima da previsão do JPMorgan para a Selic, mas 100 pontos base abaixo do nível de um mês atrás.
Avaliações continuam atraentes
As avaliações continuam atraentes, com o Brasil sendo negociado a um múltiplo de preço sobre lucro (P/L) de 7,8 vezes para 12 meses, o que é um desconto de 35% para os emergentes, que por si só tem um desconto de 39% para os EUA. O Brasil não está sozinho em ser barato dentro dos emergentes.
Desafios e pontos positivos
Enquanto isso, os desafios locais importantes no Brasil permanecem, ainda com desafios inflacionários, enquanto o crescimento da economia deve desacelerar, a menos que o Brasil resista a taxas reais próximas a dois dígitos. As preocupações fiscais permanecem e as manchetes devem começar a ganhar força nessa frente, à medida que as atividades do Congresso forem retomadas na próxima semana.
Pelo lado positivo, com o crescimento diminuindo e a inflação recuando, isso permitiria que o Banco Central pausasse os aumentos dos juros em março. A nova liderança do Congresso também poderia ser muito mais restritiva em termos de apoio a medidas que podem ser prejudiciais à política fiscal, especialmente aquela que prevê isenção de imposto de renda para todos aqueles que ganham menos de R$ 5 mil ao mês (custo de cerca de R$ 4 bilhões ao ano). O governo buscaria um caminho para estabilização da dívida, com as mudanças estruturais significativas sendo colocadas em prática, especialmente em relação às despesas.
Conclusão
Os estrategistas do JPMorgan alertam que o melhor já passou e que a história é principalmente técnica em relação às ações e global em relação ao real. O real está negociado próximo ao valor justo e as avaliações continuam atraentes. Os desafios locais importantes no Brasil permanecem, mas existem pontos positivos, como o recuo da inflação e a possibilidade de pausa nos aumentos dos juros em março.
Júlio Rossato