FMU solicita recuperação judicial em São Paulo
A FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) entrou com pedido de recuperação judicial nesta quinta-feira (13), em São Paulo, buscando proteção para renegociar uma dívida de R$ 130 milhões. O valor equivale a menos da metade do faturamento da instituição no ano passado, que somou R$ 318 milhões.
O pedido foi motivado por dificuldades financeiras decorrentes de passivos acumulados com aluguéis e IPTU de seus campi, que pertencem à família Alves Silva, fundadora da FMU, além de desafios relacionados ao setor educacional nos últimos anos.
O reitor da FMU, Ricardo Ponsirenas, garantiu que o pedido de recuperação judicial não afetará a rotina acadêmica, os investimentos nem resultará em demissões. "Não haverá demissões, nenhum projeto será cancelado", afirmou ao jornal Folha de S.Paulo. Segundo ele, a proteção judicial foi uma medida preventiva para evitar o comprometimento do caixa no futuro.
A FMU enfrenta um contexto desafiador desde 2021, marcado por restrições ao Fies, desistências e inadimplência elevada. Durante a pandemia, a instituição investiu pesadamente para adaptar suas aulas ao ensino remoto, o que contribuiu para o endividamento atual. Em 2023, já havia iniciado medidas para equalizar sua dívida e, com os ajustes realizados, projeta uma melhora substancial na margem Ebitda ajustada ao longo de 2025, estimada em 21,5%, frente aos 14,1% registrados em 2023.
Parte significativa do passivo da FMU envolve uma disputa judicial com seus fundadores, a família Alves Silva, relacionada a contratos de locação dos imóveis onde funcionam os campi. Esses contratos foram firmados em 2014, após a venda da FMU para o grupo americano Laureate por cerca de R$ 1 bilhão, estabelecendo que os antigos donos continuariam como proprietários dos imóveis, alugando-os para a instituição.
A FMU alega que vários desses imóveis chegaram a ser lacrados devido a dívidas prediais, forçando a instituição a alugar novas unidades. A família fundadora já conseguiu uma penhora de R$ 7 milhões contra a FMU e há cobranças adicionais na Justiça por títulos extrajudiciais referentes a 2023. Além disso, duas arbitragens sobre a questão dos alugueis estão em andamento há anos.
Desde 2020, a FMU pertence ao fundo de investimentos Farallon, que adquiriu a instituição como parte da compra da Laureate pela Ânima Educação. Em 2021, a FMU foi repassada para a Farallon por R$ 500 milhões, após um desinvestimento da Ânima por questões concorrenciais com o Cade.
Júlio Rossato