Superávit comercial chinês em rota de colisão com economias mundiais
O superávit comercial da China está a caminho de atingir um novo recorde este ano, colocando o país em rota de colisão com algumas das maiores economias do mundo ao agravar um desequilíbrio no comércio global que pode provocar o presidente eleito Donald Trump.
A diferença entre as exportações e importações chinesas deve chegar a quase US$ 1 trilhão se continuar a se ampliar no mesmo ritmo observado até agora, de acordo com cálculos da Bloomberg. O superávit comercial de bens disparou para US$ 785 bilhões nos primeiros 10 meses, segundo dados divulgados na semana passada, o maior registrado para esse período e um aumento de quase 16% em relação a 2023.
Novos empréstimos
Novos empréstimos bancários na China recuaram mais do que o esperado, atingindo o nível mais baixo em três meses em outubro.
A China tem confiado mais nas exportações para compensar a fraqueza da demanda interna, que Pequim apenas recentemente tentou corrigir ao injetar estímulos na economia. Empresas estrangeiras estão retirando dinheiro da China, enquanto países da América do Sul à Europa já aumentaram as barreiras tarifárias contra produtos chineses, como aço e veículos elétricos.
Resposta de Pequim
A resposta de Pequim até agora tem sido prometer mais apoio às empresas, com o conselho de Estado anunciando na sexta-feira que aumentaria o suporte financeiro para indústrias a fim de promover o crescimento estável do comércio exterior, fomentar o desenvolvimento econômico e estabilizar o emprego.
Guerra cambial
Uma guerra cambial também pode estar se formando. O banco central da Índia afirmou que está pronto para deixar a rupia se desvalorizar se a China permitir que o yuan caia para contrabalançar as tarifas dos EUA. Um yuan em queda tornaria as exportações chinesas mais baratas e poderia ampliar ainda mais o superávit com a Índia, que atingiu US$ 85 bilhões até agora este ano, 3% a mais do que em 2023 e mais do que o dobro do nível de cinco anos atrás.
Júlio Rossato