Economista-chefe da XP avalia a expectativa do mercado financeiro em relação ao pacote fiscal do governo federal
Caio Megale, economista-chefe da XP, avalia que a postergação do anúncio do pacote fiscal do governo federal tem gerado preocupação no mercado financeiro em relação ao possível conjunto de ações. Durante um encontro com empreendedores em São Paulo (SP), no Espaço XP da Faria Lima, Megale afirmou que o pacote precisa ser divulgado com urgência. De acordo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, a redação do pacote deve ser finalizada ainda esta semana, mas a data do anúncio será definida após o texto ser apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O representante do governo federal não detalha qual será o tamanho do ajuste orçamentário tão aguardado pelo mercado financeiro, mas garantiu que o Planalto seguirá à risca o arcabouço fiscal. Dada a dificuldade da tarefa, Megale não espera um pacote de cortes relevantes de despesas. Para ele, as medidas terão como principal objetivo desacelerar o crescimento de gastos. Diante da margem curta para ajustes, o economista-chefe da XP sugere maior celeridade na divulgação das medidas fiscais.
Megale reforça que a preocupação em relação ao pacote é o senso de urgência. “Inicialmente, o pacote foi prometido para depois das eleições, há mais de um mês; ficou para após o feriado e, agora, deve ser anunciado na próxima semana”, pontua. Enquanto o governo não manifesta um senso de urgência maior, Megale lembra que as despesas continuam crescendo, dando sequência à tendência observada há muito tempo.
Megale defende o ajuste fiscal para atenuar a sensação do que classifica como “foto boa, filme preocupante” da economia brasileira. Embora indicadores como o PIB e a inflação apresentem resultados satisfatórios, o economista afirma que fatores como o aumento das despesas primárias podem custar caro mais para frente. “Não sabemos se esse filme vai terminar com um final feliz ou vai terminar com um final meio confuso”, opina.
Júlio Rossato