Porta-voz do Kremlin critica possibilidade de armar a Ucrânia com armas nucleares
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, criticou a sugestão de autoridades ocidentais não identificadas de armar a Ucrânia com armas nucleares. A sugestão foi noticiada pelo New York Times na semana passada, afirmando que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, poderia dar à Ucrânia armas nucleares antes de deixar o cargo. Dmitry Peskov chamou a sugestão de “absolutamente irresponsável” e argumentou que aqueles que fazem tais declarações têm uma compreensão ruim da realidade e não são responsáveis por suas palavras. Além disso, ele observou que todas as declarações foram anônimas. Anteriormente, Dmitry Medvedev, uma autoridade graduada de segurança da Rússia, disse que se o Ocidente fornecer armas nucleares para a Ucrânia, Moscou pode considerar essa transferência como equivalente a um ataque à Rússia, fornecendo motivos para uma resposta nuclear. A Ucrânia, que herdou as armas nucleares da União Soviética, abriu mão delas em um acordo de 1994, o Memorando de Budapeste, em troca de garantias de segurança da Rússia, dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Guerra Rússia-Ucrânia
A guerra Rússia-Ucrânia tem escalado nos últimos anos. Na semana passada, a Ucrânia disparou mísseis norte-americanos e britânicos contra a Rússia pela primeira vez, com permissão do Ocidente, e Moscou respondeu lançando um novo míssil hipersônico de alcance intermediário contra a Ucrânia. O risco de uma escalada nuclear é preocupante e o Ocidente deve ouvir atentamente Putin e ler a doutrina nuclear russa recentemente atualizada, que reduziu o limite para o uso de armas nucleares. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que a adesão à aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é a única maneira de deter a Rússia. O chefe da inteligência estrangeira russa, Sergei Naryshkin, disse que Moscou se opõe ao simples congelamento do conflito na Ucrânia porque precisa de uma “paz sólida e de longo prazo” que resolva os principais motivos da crise.
Júlio Rossato