Cartesia Recebíveis Imobiliários tem o maior retorno com dividendos entre os FIIs em 2024
O Cartesia Recebíveis Imobiliários (CACR11) vai encerrar 2024 com o maior retorno com dividendos (dividend yield) entre os principais FIIs do mercado. Em um ano marcado pela depreciação das cotas, o fundo registrou uma taxa superior a 16%.
O número faz parte de estudo do InfoMoney com dados da Economatica, plataforma de informações do mercado financeiro. O levantamento leva em consideração apenas os fundos que fazem parte do Ifix – índice dos fundos imobiliários mais negociados na Bolsa.
FIIs que mais pagaram dividendos em 2024
Dos fundos monitorados, pelo menos 25 vão fechar o ano com um dividend yield acima de 12,15%, atual taxa do CDI, referência para as aplicações de renda fixa.
Com um retorno de 16%, o CACR11 encabeça a lista dos maiores pagadores do ano. Na sequência aparecem o Mérito Desenvolvimento (MFII11) e o Autonomy Edifícios Corporativos (AIEC11), com ganhos de 15,22% e 14,82%, respectivamente. Veja a lista completa.
O investidor que aportou R$ 10 mil no CACR11 em dezembro de 2023 adquiriu 97 cotas do fundo imobiliário, de acordo com o simulador de dividendos de FIIs do InfoMoney. A ferramenta observa que o fundo acumulou um dividend yield de 15,50% em 2024, bem próximo do apurado no estudo da Economatica. A diferença ocorre em função da cotação utilizada para o cálculo da taxa.
Investimentos em FIIs em 2024
Em recente estudo, a XP destacou que o dividend yield do Ifix alcançou 11,98% em dezembro, um dos maiores patamares da história. A elevação é resultado da distribuição consistente dos dividendos [por boa parte dos fundos] e da queda nas cotações dos FIIs verificada nos últimos meses. A combinação deve ser observada com atenção pelos investidores, orientam especialistas.
Com perdas acima de 12%, o Ifix ameaça encerrar 2024 com um desempenho inferior até ao de 2020, ano de início da pandemia da Covid-19. O comportamento atual reflete a mudança de rumo da política monetária do País e, consequentemente, o ciclo de alta da taxa de juros.
“O aumento dos juros eleva o custo de oportunidade e faz com que o valor presente dos ativos diminua, ou seja, seu preço caia”, contextualiza Artur Carneiro, fundador da Éxes. “Adicionalmente, o aumento da remuneração dos títulos públicos faz com que investidores migrem parte de seus investimentos para estes papéis, contribuindo para a pressão baixista de ativos como os fundos imobiliários”, reforça.
No entanto, o gestor engrossa o discurso sobre eventuais oportunidades que aparecem em momentos adversos no mercado. Com a queda no valor das cotas dos FIIs, por exemplo, os rendimentos distribuídos podem se tornar atrativos para os investidores, pondera.
“Um rendimento mensal de R$ 0,10 sobre uma cota adquirida por R$ 10,00 representa um retorno de 1%. Porém, se a mesma cota for adquirida por R$ 9,00, o rendimento aumenta para 1,11%”, calcula. “Além disso, o investidor pode se beneficiar de um potencial ganho de capital, caso haja valorização da cota no futuro”, diz.
Carneiro lembra ainda que a isenção tributária fica ainda mais relevante em um ambiente de juros altos, aumentando o benefício para os investidores. Considerando a tributação de 15%, típica em renda fixa, o benefício tributário que era equivalente a 1,5% a.a. de retorno adicional quando os juros eram 10%, passa a representar 2,25% em um CDI de 15%.
Júlio Rossato