Divisão no governo espanhol sobre semana de trabalho mais curta
Uma divisão no governo de coalizão de esquerda da Espanha em relação a um plano para implementar uma semana de trabalho mais curta com o mesmo salário foi escancarada nesta sexta-feira (3), após a ministra do Trabalho do país acusar o ministro da Economia de “ficar do lado dos empregadores”.
A ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, que lidera o partido de extrema-esquerda Sumar, disse à emissora de rádio estatal RNE que há “discordâncias manifestas” com o Partido Socialista, do primeiro-ministro Pedro Sánchez, sobre o plano e pediu aos seus colegas que “respeitassem o comitê de especialistas” que o elaborou.
Ela mirou no ministro da Economia, Carlos Cuerpo, que sugeriu que o plano fosse adiado em um ano para dar tempo para as pequenas empresas se adaptarem.
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Uma fonte do Ministério da Economia da Espanha disse que o governo continua comprometido com o plano e que sua implementação é “uma prioridade”.
“Devemos continuar a apostar em uma política econômica que funcione e que garanta a sustentabilidade de nossas conquistas econômicas e sociais”, acrescentou a fonte.
Redução da jornada de trabalho
Diaz, que também é vice-primeira-ministra, fez do plano de redução da jornada de trabalho o ponto central do apoio de seu partido ao governo minoritário de Sánchez.
Sua meta é reduzir as horas de trabalho para 37,5 por semana, em relação às 40 horas atuais, sem alteração de salário, antes do final de 2025.
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O Banco Central da Espanha e um ex-ministro da economia alertaram que os custos trabalhistas mais altos poderiam alimentar a inflação e reduzir a criação de empregos.
As empresas também expressaram sua preocupação. A principal associação de empregadores da Espanha, a CEOE, argumenta que uma semana de trabalho mais curta não deve ser imposta por lei, mas por meio de negociação coletiva, com cada empresa podendo adaptá-la às suas necessidades específicas.
Reuters
Júlio Rossato