São Paulo tem mais de 18 mil casos de dengue em 2025
O ano de 2025 começa com sinal de alerta ligado em São Paulo: mais de 18 mil casos prováveis de dengue já foram registrados no estado neste ano. Até o momento, 21 municípios paulistas decretaram emergência de saúde pública: Dirce Reis, Espírito Santo do Pinhal, Estrela D’Oeste, Glicério, Guarani D’Oeste, Igaratá, Indiaporã, Jacareí, Marinópolis, Mira Estrela, Ouroeste Paraibuna, Populina, Potirendaba, Ribeira, Rubinéia, São Francisco, São José do Rio Preto, São José dos Campos, Tambaú e Tanabi.
Desses, Glicério tem a situação mais crítica. Com uma população de 4.084 habitantes, o município contabiliza 78 casos confirmados de dengue neste ano, de acordo com dados do Núcleo de Informações Estratégicas em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP). Em todo o ano passado, foram 90 notificações.
Combate à dengue
A prefeitura está realizando nebulização nas ruas e visita às residências para limpeza e bloqueio de focos do Aedes aegypti, e ampliou a quantidade de leitos para o atendimento de pessoas com a doença.
Segundo Lidiane Beirassol, enfermeira da Vigilância Sanitária Epidemiológica, a região teve um “aumento expressivo” de casos e os agentes de combate às endemias têm enfrentado dificuldades para realizar seu trabalho. “As pessoas não permitem a nebulização e não querem deixá-los entrar nas suas casas. Elas dizem que não possuem criadouros e mandam os agentes voltarem em outra hora. Por isso, nós pedimos a colaboração da população”, diz.
Mutirão de combate à dengue
Em São José do Rio Preto, o prefeito Fábio Candido (PL) estabeleceu a realização de um mutirão de combate à dengue com apoio de cem detentos do regime semiaberto. A medida foi tomada devido ao crescimento de registros da doença – já são 4.397 casos prováveis – e começa nesta segunda-feira, 13. Os reeducandos serão mobilizados para auxiliar na limpeza de pontos críticos da cidade, eliminando criadouros do mosquito, sob a supervisão da Guarda Civil Municipal.
Sorotipo 3
O infectologista Antonio Bandeira, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), explica que é comum observar um aumento nos casos de dengue durante o verão. No entanto, ele destaca que esse crescimento geralmente ocorre a partir de fevereiro ou março. Por isso, o médico considera incomum o aumento de casos já em janeiro.
Ele ressalta, porém, que é cedo para afirmar se o quadro deste ano será tão grave quanto o do ano passado, quando foi registrado o recorde histórico. Segundo Bandeira, é possível que o alto número de casos em 2024 tenha fornecido a uma parcela da população imunidade para alguns dos sorotipos da doença (são quatro ao todo: DENV-1, 2, 3 E 4), o que poderia restringir seu avanço.
Há, no entanto, uma diferença preocupante em 2025: a maior circulação do sorotipo 3. “Faz tempo desde que o sorotipo 3 provocou números importantes de casos. Isso preocupa porque significa que um grande número de pessoas não teve contato com ele”, explica. Ao contrair dengue, a pessoa fica imunizada permanentemente para o sorotipo que causou a infecção, mas não para os outros, daí a doença poder ser contraída mais de uma vez.
Vacinação
A possibilidade de ampliação do número de municípios que irão receber a vacina Qdenga ainda não é discutida pelo Ministério da Saúde. Segundo a pasta, há limitações quanto à produção do imunizante e todas as doses disponíveis foram compradas.
Em dezembro, o Instituto Butantan concluiu o pedido de registro junto à Anvisa de sua vacina contra a dengue, a Butantan-DV. Em caso de aprovação, um milhão de doses do imunizante poderão ser entregues ainda em 2025.
Ações do estado
Segundo a SES, o estado de São Paulo está realizando a capacitação dos municípios para vigilância e controle do Aedes aegypti; a gestão dos equipamentos aplicadores e dos inseticidas para repasse aos municípios; o apoio técnico e operacional para organização das atividades pelas equipes municipais; e o monitoramento do estoque de inseticidas.
Já o ministério anunciou a instalação do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para Dengue e outras Arboviroses em São Paulo. O objetivo da ação é ampliar o monitoramento das arboviroses e orientar a execução de ações voltadas à vigilância epidemiológica, laboratorial, assistencial e ao controle de vetores.
Júlio Rossato