A defesa do general Walter Braga Netto solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a devolução de dispositivos eletrônicos do militar apreendidos pela Polícia Federal (PF) na investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Os itens incluem celular, computador e pendrives, recolhidos em quatro locais relacionados ao ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro (PL) durante a Operação Tempus Veritatis, em fevereiro do ano passado.
Os advogados argumentam que os conteúdos dos aparelhos já foram extraídos e utilizados na elaboração do relatório final da investigação, que resultou no indiciamento de Braga Netto. Segundo a defesa, “a manutenção dos aparelhos e mídias apreendidos não mais interessa ao processo, permitindo sua restituição”.
Acusações
Preso preventivamente desde 14 de dezembro de 2024, o general é acusado de articular ações golpistas e tentar acessar informações sigilosas da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. De acordo com a PF, há riscos de que o militar interfira nas investigações caso seja colocado em liberdade.
Braga Netto é apontado pela PF como uma figura central no planejamento de um golpe para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O objetivo seria manter Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições presidenciais de 2022. A defesa do militar nega a participação dele em qualquer tentativa de golpe.
Prisão preventiva
A prisão preventiva de Braga Netto ocorreu na residência dele, em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. A PF justificou a detenção alegando risco à ordem pública, dado o poder de influência do general e sua suposta capacidade de cometer novos atos obstrutivos.
De acordo com a investigação, o suposto plano golpista incluía a prisão de ministros do STF, além do assassinato de Lula, de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro do STF Alexandre de Moraes. Segundo a PF, Braga Netto não apenas tinha ciência do plano, mas também financiava os agentes que executariam a operação.
Pedido de devolução
Até o momento, o ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso no STF, não se manifestou sobre o pedido de devolução dos eletrônicos.
Júlio Rossato