Equipe de Trump elabora estratégia de sanções para Rússia e Ucrânia
Assessores do presidente eleito Donald Trump estão elaborando uma estratégia de sanções abrangente para facilitar um acordo diplomático entre Rússia e Ucrânia nos próximos meses, ao mesmo tempo em que intensificam a pressão sobre o Irã e a Venezuela, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.
O governo Biden, que está saindo, impôs na sexta-feira (10) as sanções mais disruptivas ao comércio de petróleo da Rússia já aplicadas por qualquer potência ocidental até o momento. A medida levantou uma questão em aberto sobre como Trump vê essas sanções, dada sua promessa de encerrar rapidamente a guerra na Ucrânia.
Abordagens em consideração
Existem duas abordagens principais em consideração pela equipe de Trump. Um conjunto de recomendações de políticas — se o novo governo acreditar que uma resolução para a guerra na Ucrânia está à vista — envolve algumas medidas de boa-fé para beneficiar os produtores de petróleo russos sancionados, que poderiam ajudar a selar um acordo de paz, disseram as fontes, que pediram anonimato devido à natureza privada das deliberações. Uma segunda opção se basearia nas sanções, aumentando ainda mais a pressão para aumentar a influência, afirmaram.
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A abordagem que Trump escolher no final é crucial para o mercado global de petróleo. Os futuros do Brent ganharam quase US$ 5 por barril desde que as medidas de Biden foram anunciadas. Alguns analistas antecipam ganhos adicionais, algo que elevaria os custos de combustível em todo o mundo.
Planos da equipe de Trump
Os planos da equipe de Trump estão em estágios iniciais e dependem, em última análise, do próprio presidente eleito, disseram as fontes. Na semana passada, Trump afirmou que uma reunião com o presidente russo Vladimir Putin estava sendo agendada, levantando a perspectiva de potenciais negociações de curto prazo para encerrar a guerra.
As discussões estratégicas incluem alguns dos nomeados para o gabinete de Trump, bem como ex-autoridades responsáveis por elaborar sanções em seu primeiro governo, disseram as fontes. Vários think tanks conservadores também estão sendo consultados. A equipe de transição ainda não anunciou as escolhas de Trump para alguns papéis-chave envolvidos na diplomacia econômica.
Sanções secundárias
Um primeiro indicador de como a equipe de Trump lidará com as sanções à Rússia virá em meados de março, quando uma licença geral que permite a redução das compras de produtos de energia russos está prevista para expirar. Se o Departamento do Tesouro permitir que a isenção em algumas transações expire, isso poderá aumentar a pressão sobre o Kremlin.
Na quarta-feira (15), as autoridades introduziram medidas para dificultar que Trump levantasse unilateralmente algumas das sanções à Rússia. Eles redesignaram várias entidades, exigindo que o presidente notificasse o Congresso se planeja levantar restrições sobre elas, o que poderia desencadear uma votação de desaprovação se os membros se opuserem.
Opções de políticas para o Irã e Venezuela
Em outras áreas, a equipe de Trump também está avaliando opções de políticas para o Irã e a Venezuela. Há um consenso geral entre seus principais assessores para retornar a uma estratégia de máxima pressão total direcionada a Teerã, começando com um grande pacote de sanções que atinge os principais players da indústria do petróleo, que poderia ser anunciado já em fevereiro, disseram as fontes. A situação é mais complexa na Venezuela, onde o governante de longa data, Nicolás Maduro, acaba de ser empossado para mais um mandato em meio a amplas evidências de fraude eleitoral, mas empresas petrolíferas americanas como a Chevron Corp. também têm presença no país.
Júlio Rossato