Embraer começa 2025 em ritmo forte
A Embraer (EMBR3) vem traçando um caminho diferente das suas maiores rivais, em que mantém as fábricas em funcionamento e o fluxo de entregas.
A empresa começa 2025 em forte ritmo, após as entregas terem aumentado 14% no ano passado, e as ações, disparado 150% — a maior alta da Bolsa brasileira —, enquanto a nota de crédito atingiu grau de investimento pelas agências de classificação de risco.
Desempenho da Embraer
O desempenho da Embraer ocorreu apesar dos obstáculos macroeconômicos enfrentados pelo Brasil, incluindo uma taxa de juros em dois dígitos e a desvalorização cambial.
O CEO da companhia, Francisco Gomes Neto, disse em entrevista à Bloomberg News que a empresa continuará com o foco em vendas para preencher slots de produção nos anos seguintes.
Ele acrescentou que os resultados deste ano serão ainda melhores do que os do ano fechado de 2024.
Concorrência distante
A Embraer é a terceira maior fabricante de aviões do mundo e tem ambições de longo prazo para enfrentar o duopólio global da Boeing e da Airbus, mas as suas aeronaves menores e seu tamanho a transformam em uma concorrente distante.
Especialistas do setor dizem que a Embraer se beneficiou de uma reputação de excelência em engenharia e de um sólido histórico de projeto de novos aviões com orçamentos e prazos apertados.
Expansão da Embraer
A dinâmica da Embraer poderá abrir portas para a expansão de seu portfólio. Neto disse que um novo programa de aeronaves não é uma prioridade no curto prazo, mas em outubro passado deu a entender que a Embraer estava estudando um novo jato para competir com o 737 da Boeing e o A320 da Airbus.
Os analistas do setor estão confiantes de que a empresa tem espaço para crescer ainda mais em todos os segmentos, com margens mais fortes vindas da aviação comercial e um aumento nas encomendas na frente de defesa, beneficiada por um cenário geopolítico global desafiador.
Nova estratégia de produção
A empresa está concentrada em seu atual portfólio, ao mesmo tempo em que busca formas de estabilizar sua cadência de produção. Historicamente, as entregas tendem a atingir o pico no último trimestre do ano, mas Neto disse que quer equilibrar isso ao longo do ano.
“Outra coisa em que nós vamos avançar neste ano é o nivelamento da produção”, principalmente após os primeiros três meses do ano, disse o executivo.
Negócios militares
Os aviões militares também são um ponto positivo para a Embraer. O seu avião de ataque Super Tucano recebeu encomendas de várias nações – do Paraguai a Portugal – e o C-390 Millennium garantiu compradores na Europa e na Ásia, incluindo uma encomenda recente da Coreia do Sul. A companhia espera ainda expandir seus negócios militares com os EUA.
Comércio bilateral
As importações da América do Norte – principalmente dos EUA – representaram cerca de 56% dos componentes da Embraer nos últimos anos e a empresa também exporta para os EUA. Essa relação comercial bilateral representa um risco se o presidente eleito, Donald Trump, aplicar novas tarifas e o Brasil retaliar na mesma moeda. Mas Neto minimizou a ameaça, dizendo que uma guerra comercial prejudicaria as empresas dos dois países.
Júlio Rossato