Eleições nos EUA geram ansiedade e preocupação com possível violência
Danielle Trenney, uma gerente de projetos de 39 anos do oeste da Pensilvânia, está tão ansiosa com a eleição presidencial dos Estados Unidos, na terça-feira, que decidiu montar uma árvore de Natal mais cedo neste ano para distrair sua família.
Trenney disse que sabia de outras famílias que estavam fazendo o mesmo em Bellevue, um subúrbio de Pittsburgh e uma região eleitoral valorizada tanto pela democrata Kamala Harris quanto pelo republicano Donald Trump, rivais em uma disputa que, segundo analistas, será acirrada.
“Só estou tentando acalmar a ansiedade”, disse Trenney, que votou em Kamala antes do dia da eleição, na terça-feira. “Tudo e qualquer coisa para distrair de: ‘Meu Deus, o que vai acontecer?'”.
Eleitores preocupados
Na véspera da eleição, os Estados Unidos estão estressados. De verdade. Confrontados com dois candidatos e visões radicalmente diferentes para o futuro do país, os eleitores estão se preparando para os resultados — e temem os possíveis distúrbios que podem ocorrer.
Nos últimos dias, correspondentes da Reuters conversaram com mais de 50 eleitores nos sete Estados decisivos que determinarão o próximo presidente. Eles encontraram um eleitorado no limite: preocupado com os rumos do país caso seu candidato preferido perca. Preocupado com a possibilidade de o outro lado criar problemas. Preocupado com o fato de que a divisão política só vai se aprofundar.
Alguns estão se voltando para a religião, outros para a ioga, natação ou levantamento de peso. Alguns estão acompanhando as notícias de perto, enquanto outros desligaram suas TVs e smartphones para se perder em livros ou fazer longas caminhadas ao ar livre.
Medo de violência
Muitos eleitores disseram estar preocupados com o que poderia acontecer após a eleição, especialmente se Trump perder. Eles temem uma onda de ações judiciais e audiências em tribunais, manifestações e até mesmo violência.
Uma pesquisa Reuters/Ipsos realizada no mês passado revelou preocupações generalizadas de que os EUA poderiam ver uma repetição da agitação que se seguiu à derrota de Trump nas eleições de 2020, quando a falsa alegação do então presidente de que sua derrota foi resultado de fraude levou centenas de seguidores a invadir o Capitólio.
Ansiedade e tentativas de lidar com ela
Alguns eleitores disseram em entrevistas que estavam tentando canalizar suas ansiedades ajudando a obter votos para seu candidato. Outros eleitores disseram que estavam tentando se desligar da eleição o máximo possível.
Quando os resultados começarem a sair na terça-feira, “estarei assistindo com meu calmante e minha garrafa de sauvignon blanc”, disse Gillian Marshall, 55 anos, motorista da Lyft em Scottsdale, Arizona.
Marshall, uma democrata que disse ter votado em Kamala, fez coro a um sentimento quase universal em meio à divisão política. “Eu só quero que esse pesadelo acabe”.
Júlio Rossato