Economista alerta para mudanças na forma de envelhecer
O economista e professor da London Business School, Andrew J. Scott, afirma que estamos vivendo um momento radical da história humana, em que a primeira revolução de longevidade está chegando ao fim. A segunda revolução de longevidade precisa mudar a forma como envelhecemos, segundo um dos maiores especialistas mundiais em economia da longevidade. Ele citou possíveis soluções para as populações ao redor do mundo – incluindo o Brasil – superarem os desafios da longevidade em um cenário de queda no PIB, ‘lacuna’ de sistemas previdenciários e gastos crescentes com saúde.
A segunda revolução de longevidade
De acordo com o economista inglês, a sociedade conseguiu alcançar uma expectativa de vida global acima de 70 anos, PIB per capita mais alto e população mundial batendo os 8 bilhões devido à inventividade humana, grandes investimentos, invenção de novos produtos e desenvolvimento de novas instituições. Isso possibilitou melhorar a saúde, a educação e a produtividade.
O especialista em longevidade avalia que é preciso repensar a estrutura de vida, investir e inovar – algo que já foi feito antes. Segundo ele, no século XX, inventamos duas novas etapas de vida: adolescência e aposentadoria. Previdência como previsão estatal foi criada no século XX, mas conforme expectativa aumenta, precisamos repensar novos modos de vida. É necessário repensar o mapa da vida, já que sempre existiram idosos, mas a grande mudança é que agora a maioria dos jovens pode ter expectativa de envelhecer.
Soluções para envelhecer bem
Scott ressalta que a maior parte dos sistemas de saúde atualmente foca em tratar a doença, o que funciona bem com doenças infecciosas, mas não como doenças crônicas relacionadas diretamente ao envelhecimento, como demência e diabetes. Com isso, “os sistemas de seguros e previdência vão ter que convencer pessoas a serem mais saudáveis”, diz o especialista, já que há uma intersecção entre as finanças e o sistema de saúde.
Em se tratando do foco na economia, Scott observa que a solução deverá passar por uma combinação entre economizar e poupar mais e trabalhar por mais tempo. Segundo ele, será necessário desenvolver políticas para manter a população com as competências relevantes e saudáveis para continuarem trabalhando. Porém, é importante também entender que “muitas pessoas saem do mercado de trabalho aos 55 anos porque estão doentes ou precisam cuidar de alguém doente”.
Políticas públicas necessárias
Scott ressalta que é ridículo países não terem meta de expectativa de vida. Os sistemas de saúde devem focar em expectativa de vida saudável. No meu país, única meta é hospitais reduzir lista de cirurgias. Deveríamos fazer a idade de aposentadoria do governo depender de expectativa de vida saudável”, acrescentou.
Fonte: Fenaprevi
Júlio Rossato