BRF adquire 50% da Gelprime
O frigorífico BRF (BRFS3) anunciou na última terça-feira (17) a aquisição de 50% na Gelprime, empresa especializada na produção, comercialização e distribuição de gelatina e colágeno, localizada em Londrina (PR), marcando a terceira aquisição da BRF nos últimos 3 meses, com investimentos totais de quase R$ 1 bilhão.
Embora não representem um movimento transformacional para a BRF, os investimentos ressaltam que o crescimento está totalmente de volta à mesa, especialmente agora que o balanço e as restrições operacionais da companhia foram endereçados.
Visão da XP
Na visão da XP, o negócio de gelatina e colágeno, embora próximo da indústria de abate devido às suas matérias-primas (ou seja, peles de bovinos e suínos), deve ser analisado sob a perspectiva da demanda, uma vez que segue padrões farmacêuticos e de alimentos saudáveis, ambos distantes do mundo das commodities.
“Temos uma visão positiva sobre esse M&A, já que, além de um perfil de baixa volatilidade e sem ciclicidade, esse negócio possui uma margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita) de cerca de 30% — conforme informado por um veículo de notícias — e está previsto para crescer no futuro previsível.”, avalia.
A XP vê o movimento como inesperado e fora do núcleo de negócios da BRF, mas é positivo. Além disso, com a BRF como acionista da Gelprime, há espaço para parcerias sinérgicas.
Visão do BBI
Do ponto de vista estratégico, segundo BBI, a aquisição da Gelprime está em linha com os planos da BRF de diversificar seu fluxo de receita adicionando maior exposição a produtos de valor agregado.
À primeira vista, as sinergias de produção com as operações da BRF parecem menos óbvias do que os acordos recentes, dado que matérias-primas bovinas são usadas para produzir os produtos da Gelprime. No entanto, a sinergia comercial com o alcance internacional da BRF Ingredients é indiscutivelmente o que as empresas estão apostando, com artigos de imprensa mencionando que a Gelprime tem uma participação de mercado global de 2% e uma meta declarada de expandi-la para 5%.
O BBI lembra que a Marfrig vendeu um curtume (operações de processamento do couro cru) de R$ 100 milhões para o Grupo Viva (atual dono da Gelprime) há apenas um mês, cujos ativos de couro bovino e integração com a Gelprime podem estar por trás das observações da BRF de que a disponibilidade de matérias-primas é uma vantagem competitiva neste negócio.
Visão do Goldman Sachs
Embora reconheça os méritos estratégicos da estratégia de volta ao crescimento da BRF, o Goldman Sachs acredita que o ritmo recente de aquisições pode potencialmente impactar a percepção dos investidores em relação à geração de fluxo de caixa livre no curto prazo e aos retornos aos acionistas.
Com isso, o Goldman manteve recomendação neutra para as ações da BRF.
Visão da Genial Investimentos
A Genial Investimentos, por sua vez, comenta que a aquisição é estratégica, consolidando o foco da BRF em produtos processados e de maior valor agregado, segmento responsável por 70% do portfólio atual.
Para a Genial, a operação deve impulsionar margens, oferecendo resiliência frente à volatilidade das commodities, em linha com os resultados robustos reportados no 3T2.
A Genial manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 29.
Júlio Rossato